Cem dias de protestos, 484 mortos na Nicarágua
27-07-2018 - 01:32

Números são avançados pela ​Associação de Direitos Humanos. Quase 600 pessoas estão desaparecidas na sequência do braço de ferro entre o Presidente e a oposição.

Pelo menos 448 pessoas morreram, 2.800 ficaram feridas e 595 estão desaparecidos durante os protestos contra o Governo de Daniel Ortega, que assinalam esta quinta-feira os 100 dias, anunciou a Associação Nicaraguense pelos Direitos Humanos.

O secretário executivo da associação não governamental, Álvaro Levia, afirma que os números divulgados da lista de vítimas são ainda "preliminares", uma vez que existem dificuldades em confirmar casos em áreas de difícil acesso.

Já a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que culpou o Governo de Nicarágua por "assassinatos, execuções extrajudiciais, maus-tratos, possíveis torturas e detenções arbitrárias cometidas contra a população, em espécie os jovens" durante a crise, referiu que tem registo de pelo menos 295 pessoas mortas nos protestos.

Álvaro Leiva disse que algumas das 2.800 pessoas que sofreram ferimentos vão ficar com sequelas para o resto da vida.

O secretário executivo da associação salientou ainda que existem algumas zonas, como Laguna de Masaya e San Pedro de Lóvago, em que se registaram "grandes limitações" para confirmar os casos de morte.

A Associação Nicaraguense dos Direitos Humanos foi fundada em 1986 e é uma das mais respeitadas do país da América Central.

O governo da Nicarágua nega ser o promotor da violência e principal responsável pelas mortes, e descreve os manifestantes como "grupos terroristas" com um plano de "golpe de Estado" que já foi derrotado, segundo disse vice-presidente Rosario Murillo.

Desde 18 de abril passado que a Nicarágua é palco de manifestações e confrontos violentos, cumprindo-se hoje os 100 dias desde o início dos protestos.

Os manifestantes acusam o Presidente Daniel Ortega e a mulher e vice-Presidente, Rosario Murillo, de abuso de poder e de corrupção.

Daniel Ortega está no poder desde 2007, após um primeiro mandato de 1979 a 1990.