A antiga ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues diz que é "completamente inaceitável" a rejeição de críticas por parte da Procuradoria-Geral da República.
Em entrevista à RTP na segunda-feira, Lucília Gago avisou que há uma “campanha orquestrada” contra o Ministério Público, visando o manifesto por uma reforma da Justiça, subscrito por um grupo de 50 personalidades que tiveram responsabilidades na vida pública, entre eles Maria de Lurdes Rodrigues.
À Renascença, a ex-governante rejeita qualquer tipo de perseguição à PGR e lamenta que, 50 anos depois do 25 de Abril, o Ministério Público seja uma instituição "que não aceita qualquer tipo de escrutínio".
"Em Democracia, é inaceitável. Todas as instituições têm de ser escrutinadas", defende.
A antiga ministra diz mesmo que a entrevista de Lucília Gago, realizada antes de ir prestar declarações ao Parlamento, é "um sinal de populismo" e refere que a PGR "revela uma cultura corporativa mais profunda".
No entanto, Maria de Lurdes Rodrigues considera que não é necessário uma demissão do cargo e deve levar o mandato até ao fim, contudo "tem o dever democrático de dar explicações por aquilo que fazem e reconhecer quando há erros e procurar corrigir".
Durante a entrevista, a PGR justificou a abertura do processo de inquérito a António Costa, no âmbito da Operação Influencer e estabeleceu uma comparação com um caso de violência doméstica: "Se uma mulher, num crime de violência doméstica, se queixa que o marido a agride, nós não temos a figura do pré-inquérito. A mera alusão à prática de um crime obriga o Ministério Público à instauração de inquérito".
Maria de Lurdes Rodrigues considera que esta comparação "é muito infeliz e deu um sinal de que os cidadãos, perante o Ministério Público, não são iguais".
"Porque no caso do ex-primeiro-ministro o expõe publicamente, anunciando ao país que abriu um inquérito, e nos casos de violência doméstica não faz comunicados a anunciar que há pessoas que são agressivas com outras", aponta.