Hospital de Penafiel. Idosa morre em maca na urgência após ser observada
03-01-2024 - 11:17
 • Olímpia Mairos , André Rodrigues

Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa admite que “o serviço encontra-se sob enorme pressão”, mas indica que, neste caso em particular, "as ações tomadas teriam sido as mesmas em circunstâncias diferentes”.

Uma idosa, com cerca de 80 anos, morreu ao início da noite desta terça-feira no serviço de urgência do Hospital Padre Américo, em Penafiel.

Questionado pela Renascença, o Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS) explica que a idosa morreu nas urgências após ser observada e não enquanto estava à espera de ser vista pelos médicos, como foi inicialmente noticiado.

“A doente referida nas notícias deu entrada no Serviço de Urgência Médico Cirúrgica do CHTS às 19h16 horas [de terça-feira], foi submetida a triagem de Manchester às 19h19 horas e triada com prioridade laranja. Às 20h06 horas, após avaliação clínica foi registado o óbito.”

“Tratava-se de uma doente em fim de vida e sem critérios clínicos para qualquer manobra invasiva de reanimação”, diz o centro hospitalar, admitindo que “o serviço encontra-se sob enorme pressão”, com 85 doentes internados no Serviço de Urgência na manhã desta quarta-feira”.

Segundo o CHTS “tais circunstâncias dificultam muito o funcionamento do serviço, não só pela sobrecarga de trabalho, mas pelas limitações de espaço que condicionam o normal funcionamento”, ressaltando, no entanto, que, neste caso em particular, "as ações tomadas teriam sido as mesmas em circunstâncias diferentes”.

Em declarações à Renascença, o presidente da secção regional do Norte da Ordem dos Enfermeiros, Miguel Vasconcelos, diz que a idosa podia ter recebido outros "cuidados de conforto" e alerta que o Hospital de Penafiel está subdimensionado para a população que abrange.

"Segundo a informação do conselho de administração, eles dizem que a doente foi observada e acabou por falecer. Era uma doente em cuidados paliativos, com bastantes comorbilidades, com uma saúde muito débil, mas que foi atendida. Agora, o problema foi uma utente ter falecido numa maca de um hospital, numa urgência… podíamos ter prestado mais cuidados de conforto a uma doença em final de vida”, sublinha Miguel Vasconcelos.

O responsável da Ordem dos Enfermeiros diz que, nesta altura, o Hospital Padre Américo já não tem capacidade para internar mais doentes.

"O que está em causa é que os corredores da urgência do hospital estão praticamente ocupados por macas. Ao final da manhã tinha cerca de 95 doentes internados nos corredores e ainda tinha mais 73 em observação e 25 em espera.”

Segundo Miguel Vasconcelos, “o problema é a quantidade de utentes que estão a recorrer ao serviço de urgência e que a mesma não tem capacidade para dar resposta".

"O hospital está subdimensionado. Tem uma população próxima das 600 mil pessoas e tem uma estrutura para 350 mil pessoas. O problema está aqui, é a falta de espaço físico para receber tanta população das áreas abrangentes”, afirma.

[notícia atualizada após esclarecimento do hospital - doença morreu após ser observada e não enquanto aguardava observação]