Uma idosa, com cerca de 80 anos, morreu ao início da noite desta terça-feira no serviço de urgência do Hospital Padre Américo, em Penafiel.
Questionado pela Renascença, o Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS) explica que a idosa morreu nas urgências após ser observada e não enquanto estava à espera de ser vista pelos médicos, como foi inicialmente noticiado.
“A doente referida nas notícias deu entrada no Serviço de Urgência Médico Cirúrgica do CHTS às 19h16 horas [de terça-feira], foi submetida a triagem de Manchester às 19h19 horas e triada com prioridade laranja. Às 20h06 horas, após avaliação clínica foi registado o óbito.”
“Tratava-se de uma doente em fim de vida e sem critérios clínicos para qualquer manobra invasiva de reanimação”, diz o centro hospitalar, admitindo que “o serviço encontra-se sob enorme pressão”, com 85 doentes internados no Serviço de Urgência na manhã desta quarta-feira”.
Segundo o CHTS “tais circunstâncias dificultam muito o funcionamento do serviço, não só pela sobrecarga de trabalho, mas pelas limitações de espaço que condicionam o normal funcionamento”, ressaltando, no entanto, que, neste caso em particular, "as ações tomadas teriam sido as mesmas em circunstâncias diferentes”.
Em declarações à Renascença, o presidente da secção regional do Norte da Ordem dos Enfermeiros, Miguel Vasconcelos, diz que a idosa podia ter recebido outros "cuidados de conforto" e alerta que o Hospital de Penafiel está subdimensionado para a população que abrange.
"Segundo a informação do conselho de administração, eles dizem que a doente foi observada e acabou por falecer. Era uma doente em cuidados paliativos, com bastantes comorbilidades, com uma saúde muito débil, mas que foi atendida. Agora, o problema foi uma utente ter falecido numa maca de um hospital, numa urgência… podíamos ter prestado mais cuidados de conforto a uma doença em final de vida”, sublinha Miguel Vasconcelos.
O responsável da Ordem dos Enfermeiros diz que, nesta altura, o Hospital Padre Américo já não tem capacidade para internar mais doentes.
"O que está em causa é que os corredores da urgência do hospital estão praticamente ocupados por macas. Ao final da manhã tinha cerca de 95 doentes internados nos corredores e ainda tinha mais 73 em observação e 25 em espera.”
Segundo Miguel Vasconcelos, “o problema é a quantidade de utentes que estão a recorrer ao serviço de urgência e que a mesma não tem capacidade para dar resposta".
"O hospital está subdimensionado. Tem uma população próxima das 600 mil pessoas e tem uma estrutura para 350 mil pessoas. O problema está aqui, é a falta de espaço físico para receber tanta população das áreas abrangentes”, afirma.
[notícia atualizada após esclarecimento do hospital - doença morreu após ser observada e não enquanto aguardava observação]