Na cimeira de chefes de Estado e cientistas em Paris, o presidente francês admitiu alocar mil milhões de euros em investigação polar até 2030. Isto deve-se ao "aumento da preocupação científica com o derretimento das calotas polares e glaciares do mundo", refere o The Guardian.
Macron alerta que "não estamos a falar de uma ameaça para amanhã, mas de uma ameaça que já está presente e a acelerar. Estamos a falar de uma transformação da criosfera (o gelo da Terra) que já ameaça milhões e ameaçará milhares de milhões de habitantes do planeta com múltiplas consequências diretas e indiretas".
Os cientistas demonstram-se preocupados, já que as ondas de calor em ambos os polos está a tornar-se num acontecimento recorrente.
As calotas polares refletem muita da luz solar para o espaço, o chamado "efeito albedo". O derretimento do gelo torna o mar mais "escuro", fazendo com que absorva mais facilmente o calor. O desaparecimento do gelo pode ser um "ponto fulcral para o clima", diz o The Guardian, já que pode causar um grande impacto na absorção de calor.
Na cimeira de Paris, os cientistas alertaram que as temperaturas no Ártico estão a subir quatro vezes mais do que a média global. Metade dos glaciares no mundo têm já um prazo de validade: devem desaparecer até ao final do século.
França, um território com glaciares nos Alpes e com base científica na Antártida, tem feito pressão para um acordo na COP28 sobre este problema que afetará todos.
A chefe da Organização Meteorológica Mundial, Petteri Taalas, alertou que o derretimento do gelo irá ter impacto na vida de milhares de milhões de pessoas, já que irão enfrentar uma escassez de água cada mais severa.
O carbono negro, um sub-produto da combustão que mancha o gelo, provocando o seu escurecimento e, por consequência, fazendo com que seja mais fácil de absorver o calor, é outro problema. Os cientistas defendem que a diminuição da poluição do ar, assim como a paragem da queima de carvão "teria um impacto imediato", confirma o o mesmo jornal britânico.
A redução do metano também será essencial para o combate ao degelo, já que "poderia abrandar o aquecimento em 0,24ºC até 2050".
A transição energética e a redução dos combustíveis fósseis serão temas presentes na agenda da COP28, no Dubai, que começa dia 30 de novembro.