António Costa espera que, depois da reunião com o bastonário Miguel Guimarães, tenham ficado esclarecidos todos os mal-entendidos resultante da divulgação de uma conversa privada com jornalistas.
“Espero que todos os mal-entendidos estejam esclarecidos”, afirmou o primeiro-ministro aos jornalistas, no final da reunião no Palácio de Belém, nesta terça-feira de manhã.
Falando depois do bastonário da Ordem dos Médicos, que realçou por diversas vezes o apreço de Costa pelo trabalho dos profissionais da saúde, o chefe do Governo mostrou-se “particularmente reconhecido” pelas palavras – “pela forma como aqui testemunhou, de forma inequívoca, o meu apreço e consideração pelos médicos portugueses e pelo trabalho que desenvolvem”.
Segundo António Costa, a conversa mantida entre ambos foi “muito franca e bastante útil para troca de informações quer sobre o contributo que a Ordem dos Médicos tem dado quer sobre aquilo que tem sido a atuação do Estado e serviço nacional de saúde para responder a esta pandemia”.
A reunião desta terça-feira foi motivada pela divulgação de um vídeo em que o primeiro-ministro fazia declarações pouco abonatórias para os médicos, mas acabou por abarcar outras questões que têm criado mal-estar entre a Ordem e o Governo – como, por exemplo, a questão do lar de Reguengos de Monsaraz.
Sobre este assunto, o primeiro-ministro diz ter tido oportunidade de “informar e esclarecer mais em pormenor sobre a forma como o Estado, em junho, tomou conhecimento, agiu e reagiu” perante a situação.
“Nunca podemos confundir as árvores com a floresta, seja nos lares, na atuação do médico, seja na atuação do Estado. E, portanto, nos casos concretos, as autoridades apurarão, com a informação que já está disponível”, afirmou, aproveitando para reafirmar o seu “apreço pelos médicos e pelo seu trabalho, assim como pela generalidade dos profissionais de saúde”.
Costa admite que a questão dos lares em Portugal “tem de merecer uma reflexão profunda da nossa sociedade”, pois é um sistema que “assenta num esforço enorme de IPSS, misericórdias, mutualidades.
“Temos de trabalhar mais em equipa”
Nas declarações aos jornalistas sem direito a perguntas, o primeiro-ministro realçou o investimento do Governo no Serviço Nacional de Saúde e nos lares.
“É um esforço muito grande que temos vindo a fazer. No início deste ano, fizemos o maior reforço de sempre na dotação inicial do SNS de 900 milhões de euros, com o Orçamento Suplementar mais 500 milhões de euros; temos feito um esforço muito grande para reforçar os recursos humanos nos Serviço Nacional de Saúde; na parceria que temos com as IPSS, misericórdias e mutualidades, para reforçar os meios financeiros e humanos para que lares possam funcionar em melhor qualidade”, apontou.
“Temos de trabalhar mais em equipa para garantir a todos os cidadãos portugueses, que residam em casa ou nos lares, os melhores cuidados de saúde”, salientou ainda.
António Costa diz que “a sociedade portuguesa tem inúmeros problemas, muitos que não surgiram com a pandemia, mas que a pandemia tornou mais visíveis”.
“Não temos direito de os ignorar, mas também não podemos ter a ingenuidade de pensar que vamos em duas semanas ou dois meses resolver esses problemas”, conclui.