"As palavras são como as cantigas, leva-as o vento", destaca a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) num comunicado enviado esta sexta-feira às redações, e é por isso que a classe está "preparada para avançar com novas formas de luta" caso as propostas feitas recentemente pelo ministro da Saúde "não se materializem rapidamente, na próxima reunião negocial, a 24 de abril".
"Após meses de negociações, é assinalável que o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, após a greve médica de 8 e 9 de março, tenha estado presente e considerado incontornável a valorização do trabalho médico", para além de se ter "mostrado disponível para negociar os princípios do regime de dedicação exclusiva, opcional e majorada, defendida pela FNAM", lê-se no comunicado.
Contudo, ainda não foi "apresentada nenhuma proposta formal" nesse sentido, sendo "fundamental que se concretizem" as promessas em "ações concretas, de forma a garantir condições de trabalho que permitam a fixação dos médicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS)", ressalta a FNAM.
Se tal não acontecer, os médicos prometem "avançar com novas formas de luta, a começar pela recusa em realizarem mais do que as 150 horas extraordinárias obrigatórias, que terá impacto nos serviços". Para além disso, "a greve está sempre em cima da mesa caso as negociações não avancem para bom porto".
A FNAM adianta que "deixou claro que não aceitará nenhum acordo que prejudique ainda mais as condições de trabalho" da classe médica, recusando qualquer proposta que obrigue os médicos a realizar jornadas diárias de trabalho de 12 ou masi horas, bem como propostas que não valorizem nem compensem o trabalho em serviço de urgência ou equiparado, "pelo seu elevado risco e penosidade".
No comunicado, a FNAM pede ainda que lhe sejam enviadas as propostas relativas à parametrização da complexidade das listas de utentes para os médicos de família e também que o Ministério da Saúde "não adie mais a publicação da portaria que fixa o suplemento remuneratório para médicos de Saúde Pública que exercem autoridade de saúde em regime de disponibilidade permanente".