Jerónimo de Sousa acusa o Governo de apenas ter aceitado discutir e incorporar no Orçamento do Estado algumas das muitas propostas que o PCP foi fazendo ao longo dos últimos meses.
Na fase de perguntas ao primeiro-ministro, no debate do Orçamento do Estado, que começou esta terça-feira, Jerónimo de Sousa deu o exemplo do ordenado mínimo.
“O Governo considerou apenas algumas das propostas do PCP, o exemplo do salário mínimo confirma que não foi por falta de persistência ou abertura do PCP para que fossem encontradas soluções”, disse o secretário-geral dos comunistas.
“Desde 2020 que temos apresentado a nossa proposta para 850 euros. O Governo fixou 750 euros em 2023. Em Espanha está a caminho dos 1000 euros. Na Alemanha aproxima-se um aumento de 400 euros, fixando o salário mínimo em mais de 2000 euros”, diz.
“Portugal arrisca-se a ficar mais para trás, numa questão de inegável importância social”, afirma Jerónimo de Sousa, que pergunta, “como podem os jovens casais decidir em liberdade ter filhos com este salário? E com o seu vínculo precário? Não há futuro para um país com baixos salários.”
O líder do PCP acusa assim o Governo de estar com medo dos grandes grupos económicos, mas ressalva que a subida do salário mínimo seria benéfica para as micro, pequenas e médias empresas “que vivem do poder de compra dos portugueses”.
“O país precisa de soluções, o PCP bate-se por elas, mas não é com as opções que o Governo fez e faz que conseguimos tirar o país da difícil situação em que se encontra”, conclui Jerónimo de Sousa.
Ninguém compreende
Na sua resposta, António Costa disse a Jerónimo de Sousa que "o diálogo que temos mantido tem sempre permitido avanços, nem sempre chegando onde queremos, mas temos conseguido avançar. E este ano avançámos bastante".
Costa falou de "ganhos e progressos efetivos" que "resultaram do trabalho conjunto que temos vindo a desenvolver desde julho até agora" e mostrou-se incrédulo com o chumbo pre-anunciado pelo PCP.
"Ninguém compreende no país. As pessoas a quem nós respondemos não conseguem compreender como é que pode votar contra um Orçamento que inicia a gratuitidade das creches, com um aumento extraordinária das pensões já em janeiro, progresso no regime fiscal, um aumento geral na função pública… acho que ninguém lá fora vai compreender a nossa posição”, disse Costa, em resposta a Jerónimo.