O advogado da cristã paquistanesa Asia Bibi disse esta terça-feira que a sua cliente precisa de um passaporte de outro país para poder abandonar o Paquistão.
Asia Bibi esteve encarcerada cerca de 10 anos, condenada à morte por alegadamente ter insultado o Islão.
Em outubro a sua condenação foi anulada pelo Supremo Tribunal e pôde sair finalmente em liberdade, mas está escondida por medo de represália naquele país de esmagadora maioria islâmica.
Desde a notícia da libertação de Asia Bibi grupos fundamentalistas têm mobilizado protestos e manifestações com centenas de milhares de pessoas que paralisaram várias cidades. Os seus líderes exigem a execução de Bibi e a demissão do primeiro-ministro e dos juízes do supremo.
Segundo o advogado Saiful Mulook, que falava a jornalistas em Frankfurt, na Alemanha, Asia Bibi e a sua família querem sair do Paquistão mas estão a ser impedidos pelo Governo, que teme represálias dos fundamentalistas islâmicos.
“Todo o mundo pergunta porque é que ela não vem. A resposta é que para sair do país é preciso um visto ou então um passaporte de outro país”, responde o advogado.
“Se a chanceler da Alemanha disser ao seu embaixador para lhe dar um passaporte a ela, ao seu marido e duas filhas, concedendo-lhes nacionalidade alemã, ninguém a poderá impedir, porque já não será paquistanesa”, afirmou, acrescentando que até agora nenhum país se disponibilizou para o fazer, embora alguns Estados tenham oferecido asilo.
Segundo a Reuters pode haver algumas dificuldades relacionadas com uma segunda família, composta por um casal e cinco filhos, que Asia e o seu marido querem levar com eles.
Saiful Mulook não especificou porque é que é necessário um passaporte e não apenas um visto e oferta de asilo, mas há informação não confirmada de que o Estado tenha cedido ao pedido de alguns grupos extremistas e colocado Asia Bibi numa lista de cidadãos impedidos de abandonar o país, precisamente para evitar a sua fuga, pelo que o seu passaporte paquistanês, caso o tenha, não terá qualquer utilidade.