Os testes clínicos da vacina Oxford/AstraZeneca em crianças foram interrompidos enquanto o regulador do Reino Unido investiga uma possível relação formação de tromboembolismos em adultos, noticiou a BBC.
O diretor do Oxford Vaccine Group, que desenvolveu a vacina com a AstraZeneca, Andrew Pollard, disse à estação pública britânica que não havia preocupações de segurança com os testes, mas que os cientistas estavam a aguardar mais informações.
Cerca de 300 voluntários ofereceram-se para participar nos testes iniciados em fevereiro, que pretendem avaliar a resposta imunitária em crianças entre os 6 e os 17 anos.
O regulador Agência de Medicamentos britânica (MHRA) está a analisar os dados relativos a 30 casos de tromboembolismos no Reino Unido, dos quais sete mortais, mas não comentou este desenvolvimento.
A estação televisiva Channel 4 já tinha avançado que a MHRA estava a ponderar recomendar que a vacina AstraZeneca não seja inoculada em jovens, com menos de 30 anos.
O especialista em doenças infecciosas da Universidade de Reading Simon Clarke disse ao MailOnline que o Reino Unido poderá ter dificuldades em atingir a meta de vacinar todos os adultos até 31 de julho se a vacina da AstraZeneca for proibida para menores de 30 anos.
Por enquanto, o Governo britânico garante que a vacina é "segura, eficaz e já salvou milhares de vidas” no Reino Unido, tendo o primeiro-ministro, Boris Johnson, reiterado hoje o seu apoio ao fármaco desenvolvido por investigadores da Universidade de Oxford.
"O que as pessoas deveriam fazer é olhar para o que a MHRA diz, o nosso regulador independente. É por isso que os temos, é por isso que eles são independentes. O conselho que eles dão às pessoas é: continuem a ir, receba a sua vacina, receba a segunda vacina”, disse, durante uma visita à fábrica da AstraZeneca em Macclesfield, no norte de Inglaterra.
França e Canadá limitaram a vacina a maiores de 55 anos, Alemanha a maiores de 60 anos, Suécia, Lituânia e Finlândia a maiores de 65 anos, enquanto a Noruega e Dinamarca suspenderam totalmente a sua utilização.
O diretor para os assuntos de regulação e pré-qualificação, Rogério Gaspar, disse hoje numa conferência de imprensa ‘online’ da OMS que a informação atual não estabelece nenhum vínculo entre a vacina e certos tipos de trombose, mas acrescentou há “dados a chegar todos os dias” e que a OMS está a analisá-los com a Agência Europeia do Medicamento (EMA).
A EMA esclareceu também hoje que ainda está a avaliar a possível ligação entre a vacina da AstraZeneca contra a Covid-19 e a formação de tromboembolismos, após um responsável da instituição ter confirmado essa relação.
O comité de segurança da agência, com sede em Amesterdão, "ainda não chegou a uma conclusão e a revisão está atualmente em curso", adiantou a EMA numa declaração à AFP.