Paulo Meneses, presidente do Paços de Ferreira, duvida do "timing" para o anúncio do regresso do público aos estádios na última jornada do campeonato. O dirigente do atual quinto classificado da I Liga portuguesa diz que se trata de uma tentativa de branquear as celebrações do título do Sporting, com milhares de pessoas nas ruas sem distanciamento.
"Acho que é uma tentativa de branquear o que se passou ontem, que foi uma autêntica vergonha. Seria mais justo que o Sporting tivesse no estádio pessoas a assistir o jogo na proporção que fosse autorizada pelas autoridades de saúde. É tentar branquear o que se passou. Não é por acaso e não vejo esta notícia sair hoje com ingenuidade", começa por dizer à Renascença.
Apesar de não duvidar de que a medida estivesse em cima da mesa há algum tempo, a tomada de decisão foi influenciada pelos festejos da madrugada desta quarta-feira.
"Porventura estaria a ser tratado, mas a decisão é claramente influenciada pelo que se passou ontem. Há muito tempo que venho a lutar por esta medida e lamento que só surja agora por uma questão de cosmética. Mas nada que me surpreenda", atira.
Paços de Ferreira sem adeptos a época toda
O presidente do clube pacense lamenta ainda que a medida se aplique apenas na última jornada, quando o Paços de Ferreira termina a temporada fora de portas, em casa do Tondela, sem possibilidade dos seus adeptos marcarem presença.
"Acho que deveriam ter sido duas jornadas, em que os clubes pudessem jogar um jogo em casa e outro fora, por uma questão de igualdade. Deveria ter sido aplicado o mesmo critério nas duas jornadas. Assim, com 10% da lotação do estádio, o Paços de Ferreira poderia ter 10 ou 30 adeptos em Tondela. É uma vergonha, comparando este número com o que se passou ontem, é ridículo", diz.
O acesso aos estádios será exclusivamente destinado aos adeptos dos clubes visitados que devem apresentar, à entrada do recinto, o resultado negativo de um teste rápido para a Covid-19. Nesse sentido, o Paços de Ferreira não poderá ter adeptos em Tondela, o que representa uma época inteira distante dos seus aficionados.
"As instâncias que o autorizaram, não obstante a bondade da decisão, acho que é inqualificável. O governo, Direção-Geral de Saúde e quem mais possa ter intervenção prestou um mau serviço ao país e ao futebol. Sem dúvida que é uma medida que há muito se justificava, há motivos para acreditar que poderia ter sido antecipada", atira.
Paulo Meneses diz que o aspeto desportivo é mais importante do que o financeiro, quando o tema é os adeptos nos estádios, mas aponta para mais de meio milhão de euros de prejuízo. "Acho que é vergonhoso o que se passa neste momento e é o espelho de como o futebol tem sido tratado".