Sábado à tarde em Tomar. Passa das 16h30. Passos e Portas acabam de visitar a Comissão da Festa dos Tabuleiros, na Rua Serpa Pinto.
O destino seguinte é a Santa Casa da Misericórdia de Tomar, a cerca de 500 metros. Está sol, a rua é pedonal e não há muitas pessoas à vista, a não ser os jovens apoiantes da coligação, com as suas bandeiras. Os dois candidatos decidem ir a pé.
Cumprimentam traunseuntes e lojistas. Um beijinho aqui, um abraço ali. Portas sorri muito, Passos ouve pacientemente o que as pessoas lhe dizem. Pergunta como estão e pára para ouvir. Atrás deles, dezenas de "jotas" incentivam, alternadamente, o presidente do PSD e o presidente do CDS-PP. "Passos, vai em frente, tens aqui a tua gente! Portas, vai em frente, tens aqui a tua gente!".
Uma senhora, preocupada com o ar do primeiro-ministro, diz-lhe: "Sempre em frente, não desanime". "Minha senhora, desanimar porquê? Nós estamos até muito animados!". O passeio parecia estar a correr bem.
De repente, o passo é acelerado. O passeio transforma-se em maratona. Está, literalmente, a materializar-se o mote da campanha da coligação: "Maratona Portugal à Frente".
A dupla de candidatos deixa de cumprimentar as pessoas, para apenas acenar a quem fica a vê-los passar. Os jornalistas correm e atropelam-se para conseguir acompanhar o passo dos candidatos.
Os incentivos dos jovens dão lugar a uma única palavra, gritada como se todas as sílabas fossem tónicas e cada uma delas fosse o sinal de um tambor a marcar o passo. "POR. TU. GAL"! POR. TU. GAL!".
Atraídos pelo som, os lojistas que agora vêm à porta já não chegam a tempo de ver Passos e Portas a passar, mas apenas um rio de bandeiras brancas, laranjas e azuis. Em menos de cinco minutos, os candidatos chegaram ao destino e desaparecem dentro do edifício. A rua volta ao silêncio do interior num sábado à tarde.
A organização diz que o primeiro-ministro estava preocupado com o atraso no encontro com as instituições de solidariedade social (IPSS), marcado para as 16h00.
Quem conseguiu acompanhar de perto a passada dos candidatos tem outra versão: foi uma senhora de azul, que chegou ao pé de Passos Coelho, e lhe contou que também tinha problemas em gerir as contas no final do mês.
Talvez com o episódio da "senhora de cor-de-rosa" ainda na memória, Passos terá decidido que seria melhor apressar o passo.