A chefe de gabinete de João Galamba alertou para a posição frágil do Estado ao decidir despedir Christine Ourmières-Widener da presidência executiva da TAP.
Esta sexta-feira, a imprensa revela o teor da correspondência eletrónica entre a chefe de gabinete Eugénia Correia e funcionários de outros ministérios.
Por email, Eugénia Correia indicou que o anterior ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, aprovou a saída de Alexandra Reis com uma indemnização de 500 mil euros, mas sem averiguar a legalidade da decisão e sem dela dar conhecimento ao Ministério das Finanças.
Nessa mesma mensagem, com data de 11 de março - cinco dias após a demissão de Christine Ourmières-Widener -, a chefe de gabinete de Galamba terá alertado que a ausência de comunicação entre os ministérios que tutelam a TAP não serviria como argumento para justificar a demissão da agora ex-CEO da TAP.
Eugénia Correia fala ainda em desorientação que poderá custar caro ao Estado português em tribunal.
No entanto, esta não foi a única fuga de informação revelada. Na quinta-feira à noite, a SIC mostrou uma troca de mensagens por WhatsApp a propósito da reunião que a então presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, teve com um deputado socialista e assessores do Governo.
De acordo com a mesma estação de televisão, a documentação enviada à atual comissão parlamentar de inquérito (CPI) à TAP revela que o PS e a ex-CEO da companhia aérea terão combinado as perguntas do deputado Carlos Pereira e as respostas de Christine Ourmières-Widener, na comissão realizada em janeiro.
A CNN Portugal também desvendou emails onde membros do Governo demonstram discordância sobre os fundamentos para a demissão por justa causa da presidente executiva e do chairman da TAP, Manuel Beja.
A comissão parlamentar de inquérito à TAP admite investigar e punir os responsáveis pela fuga de informação que consta nos documentos entregues pelo Governo à Assembleia da República. O presidente da CPI, Jorge Seguro Sanches, falou num ataque à democracia e à credibilidade do Parlamento.
"É um ataque muito forte aos valores mais sérios e honestos daquilo que tem a ver com a atividade política, que é todos nós termos a responsabilidade de cumprir a lei, ter sentido ético, e isto ataca o prestígio da Assembleia da República, ou atacará, a confirmar-se."