O Bloco de Esquerda vai pedir que seja criada uma Comissão de Inquérito Parlamentar ao chamado 'caso Manuel Pinho', após terem surgido suspeitas de que o antigo ministro da Economia recebeu verbas do Grupo Espírito Santo.
A informação foi confirmada à Renascença pelo deputado bloquista Jorge Costa, que defende ser necessário perceber como é que as decisões foram tomadas.
"Uma comissão de inquérito é aquilo que nos permitirá olhar para as decisões de Manuel Pinho e compreendê-las profundamente", disse o deputado bloquista, que fala da necessidade de colocar perguntas a especialistas, mas também a quem esteve no governo na altura para perceber "sob que circunstâncias as decisões foram tomadas e com a influência de quem".
O deputado diz que as suspeitas sobre Manuel Pinho são "muito graves" mas esclarece que o objectivo não é só ouvir o ex-ministro da economia, mas também membros do seu gabinete e assessores e membros do governo de Durão Barroso e Santana Lopes.
"A lei é de 2004, do governo de Santana Lopes, mas que tinha sido preparada pelo governo de Durão Barroso e que veio a ser aditivada por Manuel Pinho, aumentando ainda mais os patamares que já eram abusivos", justifica Jorge Costa em declarações à Renascença.
Para o deputado, "a sociedade tem que conhecer a maneira como estas decisões são tomadas nos gabinetes e os responsáveis têm de ser conhecidos e apresentados", e por isso vão pedir a abertura de uma Comissão de Inquérito Parlamentar ao caso.
Manuel Pinho terá recebido, entre 2006 e 2012, cerca de um milhão de euros numa sociedade 'offshore', com sede no Panamá, por parte da Espírito Santo Enterprises - conhecida como 'saco azul' do Grupo então liderado por Ricardo Salgado.
Os deputados do PSD e do PS pediram a audição do ex-ministro do governo de José Sócrates para esclarecer as alegadas suspeitas que têm sido imputadas ao antigo ministro de José Sócrates.
O advogado de Manuel Pinho diz que o ex-ministro só fala com os deputados depois de ser "confrontado pela autoridade judiciária competente". Uma atitude que o deputado do Bloco de Esquerda não estranha, mas lembra que a obrigação dos ex-governantes é esclarecer os deputados.
O CDS-PP já reagiu, dizendo que, por princípio, não inviabiliza comissões de inquérito, pelo que também não se deverá opor à que foi hoje anunciada pelo Bloco de Esquerda. Fonte do grupo parlamentar disse à Renascença que o partido ainda irá analisar em concreto a proposta dos bloquistas e decidir o sentido de voto, mas que, à partida, não se vai opor.
À Lusa, o vice-presidente da bancada socialista, Carlos Pereira, também confirmou que o PS vai votar a favor da comissão de inquérito parlamentar.