O presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Manuel Lemos, condena aqueles que falam da "vitalidade do Estado Social" para "cumprir o politicamente correto" e não o cumprem.
Na tomada de posse do novo mandato, que decorreu esta quarta-feira na Capela de Santo António, em Lisboa, o dirigente formado em Direito afirmou que quem o faz desconhece a realidade do país.
"Fala-se muito da importância vital do Estado Social, mas quando vejo muitos atores a falar do que não sabem, só para cumprir o politicamente correto do respetivo grupo ideológico, apetece-me largá-los uma semana num qualquer bairro deprimido de uma área metropolitana, ou deixá-los num casebre sem água corrente de uma área rural, para perceberem como vivem as crianças, os idosos e os jovens do país em que vivemos", atirou Manuel Lemos.
Tal como tinha feito em entrevista à Renascença e à agência Ecclesia, Manuel Lemos voltou a admitir que está preocupado com um cenário de ingovernabilidade em Portugal e deixou um aviso ao próximo governo.
"Avaliamos a qualidade e excelência de uma nação e de um sistema pela sua capacidade de cuidar daqueles que não são capazes de o fazer. E Portugal, os políticos, as Finanças, seja lá quem for, tem de ter isto presente", disse o presidente da UMP.
"Governo do PS tem pacto assinado"
Confrontada com um cenário de ingovernabilidade e questionada se este tema merecia um acordo entre PS e PSD, a ministra do Trabalho e da Segurança Social lembrou que o governo socialista tem um acordo assinado com o setor social. Aos jornalistas, Ana Mendes Godinho vincou os últimos anos de articulação com o terceiro setor.
"O governo do PS tem um pacto assinado com o setor social com compromissos muito claros", afirma a governante, apesar do facto de o PS poder perder as eleições em março do próximo ano.
Sobre o número de pessoas em situação de sem-abrigo, que atingiu as 10 700 em 2022, Ana Mendes Godinho não comentou diretamente, mas assinala que agora já é possível medir o problema.
"Foi um projeto muito difícil de implementar, mas conseguimos. Passámos a ter uma plataforma para, em tempo real, saber exatamente quem são as pessoas, quem são e onde é que estão", sublinha a ministra do Trabalho e da Segurança Social.