João Taborda da Gama considera "injusta" a crítica de Ramalho Eanes, que diz que há uma "epidemia de corrupção" em Portugal. "Temos de estar atentos, fazer sempre mais em relação à corrupção, mas não percebo" estas declarações, vindas de um antigo Presidente da República. "Não é o que se passa, não há uma epidemia", defende o advogado.
Fernando Medina lembra que "é preciso ler a totalidade das declarações" do ex-chefe de Estado. "É verdade que o nosso sistema político é fortemente condicionado pelas escolhas que são feitas dentro dos partidos, isso afasta o mérito e a relevância da participação social dos que são escolhidos", afirma o atual presidente da Câmara de Lisboa.
Sobre esta questão, Taborda da Gama diz também não concordar com as declarações "vagas e abstratas" sobre a reforma do sistema eleitoral. "O que me parece é que é preciso passar para propostas concretas".
O professor universitário lembra que Ramalho Eanes tem estado ligado a várias iniciativas "contra o sistema" que tiveram sucesso, como a candidatura de Sampaio da Nóvoa à presidência da República e o nascimento de um partido, o PRD, que acabou por dar origem a partidos de extrema-direita.
Neste debate, os dois comentadores discutiram ainda o excedente orçamental das contas públicas.