O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, adiantou que a Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP) Serviços está a desenvolver um estudo para perceber se serão necessários trilhos para os veículos autónomos circularem no ramal da Alfândega.
"A STCP Serviços está a desenvolver um estudo para perceber como é que pode ser feito o transporte público ali, numa primeira fase vamos instalar lá 'tout-venant' que vai permitir que as pessoas usufruam daquilo como um parque linear", afirmou Rui Moreira durante a sessão da Assembleia Municipal do Porto, que decorreu na segunda-feira à noite.
O autarca independente, que respondia a uma questão levantada pelo eleito da CDU, Rui Sá, adiantou que o estudo visa perceber "se é possível ter veículos autónomos que não precisem de trilhos para circular naquele canal".
A não serem necessários, o ramal poderá ser utilizado para transporte público e fruição de pessoas, assegurou.
Rui Moreira reforçou ainda que a utilização do ramal da Alfândega é compatível com a alta velocidade.
Em 29 de agosto, a Câmara do Porto afirmou, numa resposta enviada à Lusa, que a inserção da nova ponte da linha ferroviária de alta velocidade em Campanhã é compatível com qualquer um dos projetos previstos para o ramal da Alfândega.
O ramal liga Campanhã a Miragaia num percurso misto em túneis e a céu aberto, e está desativado desde 1989, tendo sido utilizado para o transporte de mercadorias até à Alfândega do Porto.
Em setembro do ano passado avançou a obra de estabilização da escarpa adjacente ao ramal, por 1,25 milhões de euros.
Em abril de 2021, o município do Porto promoveu uma iniciativa sobre o destino a dar ao ramal da Alfândega, apresentando duas soluções que o presidente da Câmara considerou poderem ser conciliáveis: um canal de transporte público e zona de lazer pedonal e ciclável.
A primeira proposta apresentada aposta na reconversão do canal num percurso pedonal e ciclável entre Miragaia e Campanhã, propondo ainda a utilização de ligações mecanizadas que permitam ligar a cota baixa à cota alta da cidade, a instalar na escarpa a sul, na Rua Duque de Loulé, na Calçada das Carquejeiras, na zona compreendida entre as Fontainhas e a Ponte D. Maria Pia e na Calçada do Rêgo Lameiro.
Na segunda proposta, a autarquia estudou a hipótese de aproveitamento do ramal para o transporte público, numa solução de mobilidade elétrica, que pode ou não ser feita em carris, com um máximo de três estações - Alfândega, Fontaínhas e Campanhã.
O transporte teria uma frequência de oito minutos, demorando apenas cinco minutos a percorrer o ramal, num cenário em que o parque de estacionamento junto à Alfândega seria transformado numa "alameda pedonal arborizada".
Em agosto de 2022, a Infraestruturas de Portugal (IP) disse à Lusa que o projeto da Alfândega relaciona-se também com a análise da utilização futura da Ponte Maria Pia como via pedonal e ciclável, a fazer entre a IP e os municípios de Vila Nova de Gaia e do Porto.