Na cidade do Panamá, onde decorrem, a partir desta quarta-feira, as Jornadas Mundiais da Juventude, o ambiente é de “grande entusiasmo”.
“É algo importante para o Panamá. Ao contrário de Portugal, que já se vem habituando a grandes eventos ultimamente, desde desportivos a culturais, o Panamá não está tão habituado a isso”, explica José Carvalho, emigrante português no Panamá.
José vive há três anos neste país da América Central. É diretor comercial da filial latino-americana do Grupo IP, uma empresa internacional de venda de equipamentos industriais.
“Para eles foi uma festa, por exemplo, a participação no Mundial de futebol”, recorda o português, que viu o Panamá participar pela primeira vez, no último verão, nas fases finais do evento da FIFA. “Na mesma medida, receber aqui a JMJ é uma honra para eles”, conta.
Também José Pedro Rocha, que vive há 10 meses no Panamá, vê o país entusiasmado com os preparativos para a Jornada Mundial Juventude (JMJ) e para a visita do Papa Francisco.
“Diria que depois do Mundial, que foi um grande acontecimento, o próximo acontecimento era a vinda do Papa ao Panamá em janeiro, para as JMJ. Não se fala de outra coisa desde essa altura”, conta o engenheiro português, que trabalha numa empresa norte-americana na cidade do Panamá, na indústria do petróleo e gás.
Na última semana, o português viu o entusiasmo a crescer ainda mais, com a população mobilizada para a “pré-jornada” – a fase anterior ao evento oficial, em que os voluntários ajudam na montagem dos palcos e na limpeza das áreas onde vão decorrer os eventos.
Com apenas 813 mil habitantes, a Cidade do Panamá deverá receber cerca de 200 mil jovens, provenientes de 155 países, para o evento. Ao todo, o país tem cerca de 4 milhões de habitantes e perto de metade da população vive na Área Metropolitana da capital.
“À escala da infraestrutura local tem um impacto enorme. Tudo vai ficar bastante afetado durante a próxima semana”, explica José Pedro Rocha.
Esta semana, o governo local deu tolerância de ponto à função pública, para quinta e sexta-feira, mas oficialmente o país não irá parar.
No entanto, tanto José Carvalho como José Pedro Rocha veem muitas empresas – mesmo as multinacionais - a dar alguma “flexibilidade” aos trabalhadores, já que é previsível que o sistema de transportes “colapse” e que seja difícil as pessoas movimentarem-se na cidade.
“A maior parte das multinacionais decretou trabalho em "home office" (trabalho em casa) aos diretores, durante esta semana, para não verem as suas atividades afetadas”, conta José Carvalho.
A empresa onde José trabalha deu mesmo “férias coletivas” aos colaboradores durante esta semana. E se muitos optam por “fugir à confusão” e viajar para países vizinhos, muitos outros aproveitam para participar nas JMJ.
“As empresas que têm muitos trabalhadores locais veem que eles estão entusiasmados com o evento e querem dar alguma possibilidade de os seus funcionários poderem participar nos eventos, porque alguns deles vão ser durante a semana”, explica José Pedro Rocha.
“Segurança não é preocupação”
Os dois portugueses descrevem o Panamá como um país “tranquilo”, que contrasta com as experiências que viveram antes de se mudarem para aquele país da América Central.
José Pedro Rocha chegou à Cidade do Panamá após vários anos a viver na África subsariana; José Carvalho mudou-se de São Paulo, no Brasil, para aquele destino, há três anos.
“Segurança não é coisa que nos preocupe”, revela José Carvalho. Comparando com São Paulo, “o Panamá é um paraíso”, diz o português.
“Claro que afluência de tanta gente traz sempre alguma preocupação, mas a segurança foi reforçada, há muita polícia e segurança na rua”, considera.
José vai tentar participar “em algum evento das JMJ” com a família, mas teme encontrar alguma confusão em termos de acessos. Apesar de seguro, “o Panamá não é dos melhores na organização de grandes eventos”, considera o emigrante português. “É sempre muito complicado”.
José Pedro Rocha acredita que as coisas estão bem preparadas, dentro das limitações das infraestruturas locais, para receber os peregrinos da JMJ.
“As pessoas estão muito contentes e o país vai certamente sentir-se orgulhoso, porque acho que vai correr tudo bem”, remata.