A Ordem dos Psicólogos quer um reforço de psicólogos no Serviço Nacional de Saúde (SNS). A medida é considerada essencial para dar resposta ao agravamento da saúde mental de alunos e professores, causado pela pandemia.
O Ministério da Educação revelou os resultados de um estudo que indica que quase 70% dos professores e um terço dos alunos estão em sofrimento psicológico.
Questionada pela Renascença sobre se é suficiente o número de psicólogos escolares, a vice-presidente da Ordem dos Psicólogos, Sofia Ramalho, considera que o principal problema reside antes no número de psicólogos nos centros de saúde.
“Os psicólogos das escolas estão a abarcar intervenções que deveriam ser feitas no âmbito dos contextos da saúde”, explica.
Sofia Ramalho considera que “é importante que os psicólogos que estão nas escolas possam concentrar-se no trabalho de prevenção e de promoção e que as situações que necessitam de uma intervenção psicológica mais individualizada possam ser feitas nos contextos próprios, neste caso nos centros de saúde”.
O problema, diz, é que nos centros de saúde há “um rácio de um psicólogo para cerca de 41.000 habitantes, o que é manifestamente insuficiente”.
“O trabalho complementar integrado entre o setor escolar e o setor da saúde vai permitir ampliar as respostas e respostas de qualidade para as crianças e jovens do nosso país que são um grupo que está desprotegido”, reforça.
Nestas declarações à Renascença, Sofia Ramalho confirma que o atual rácio de um psicólogo por 700 alunos é cumprido, mas apenas há dois anos, quando as escolas implementaram os planos de desenvolvimento pessoal, social e comunitário que foram agora prolongados.
A vice-presidente da Ordem dos Psicólogos saúda, por isso, o anúncio feito pelo Ministério da Educação sobre o prolongamento destes planos.
Ainda em matéria do cumprimento do rácio de psicólogos por alunos, Sofia Ramalho chama a atenção que esse critério não devia ser aplicado de forma universal em todo o país.
“Sabemos que nas zonas do interior do nosso país há mais necessidades de apoio e o rácio dos psicólogos nas escolas nesses contextos deveriam ser diferentes”, remata.
A Renascença já contactou o Ministério da Saúde para saber se o Governo planeia reforçar o número de psicólogos no Serviço Nacional de Saúde, mas até ao momento ainda não obteve resposta.