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Houve "responsabilidade política" e "completa incapacidade" no combate ao incêndio de Monchique, e existiram "abusos" na retirada da população das zonas de risco, acusa o líder do PSD, Rui Rio, que esta sexta-feira visita as zonas assoladas pelo grande incêndio na serra algarvia.
"Houve aqui, em Monchique, um conjunto de meios de combate como nunca terá havido na História de Portugal e, depois, houve uma completa incapacidade de coordenar e articular o combate ao incêndio e utilizar todos esses meios. Acabaram até por haver meios a mais face à incapacidade de articulação", disse Rui Rio aos jornalistas.
O líder da oposição destaca o facto de não terem sido perdidas vidas humanas, como nos grandes incêndios de 2017, mas denuncia abusos nas operações de evacuação das populações.
"Depois haverá muitas outras coisas que falharam e outras que não falharam. Não falhou, por exemplo, o resultado final no que refere à poupança de vidas humanas, ninguém morreu, mas por outro lado também me relataram alguns abusos no tratamento das pessoas que, na ânsia de não haver essas mortes, com algum exagero, a distância muito grande do incêndio e alguma violência obrigaram as pessoas a sair de casa", critica.
"Na coordenação de meios há responsabilidade política, não exatamente na hora em que há o incêndio, mas em tudo o que antecede o incêndio - os meses e os anos - na incapacidade de organizar os organismos que têm a obrigação de, competentemente, combater os incêndios", frisou.
PSD "não fala com a mata a arder"
Questionado pelos jornalistas sobre o silêncio que tem mantido sobre o tema e se não deveria ter interrompido as férias, Rui Rio respondeu que "não" e deixou uma garantia: o PSD "não fala com a mata a arder".
Rui Rio quebrou o silêncio 21 dias depois da devastação causada pelas chamas em Monchique, mas sublinha que outros dirigentes sociais-democratas já se pronunciaram sobre a catástrofe.
“O PSD não fala com a mata a arder, nem quando ainda não conhece como as coisas como elas são”, diz em resposta a quem criticou o silêncio do presidente do PSD.
“O PSD não fala, mas não fala mesmo, com as casas a arder, e as pessoas a sofrer. Quando está a arder, o PSD só não ajuda se não puder”, sublinha.
O incêndio rural, combatido por mais de mil operacionais, deflagrou em 3 de agosto em Monchique e lavrou durante oito dias, afetando também o concelho vizinho de Silves e, com menor impacto, Portimão (no mesmo distrito) e Odemira (Beja).
De acordo com o Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais, as chamas consumiram 27.635 hectares, com maior impacto em Monchique, onde a área ardida atingiu os 16.700 hectares, afetando um total de 32 habitações.