O vice-presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública (ANMSP) avisa que, se Portugal atingir oito mil casos diários de infeção por Covid-19, como perspetivou a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, implica "novas medidas restritivas" e que as atuais "falharam".
"Se, de facto as medidas implementadas, não mudar a trajetória de novos casos, daqui a 14 dias, significará algum tipo de atenção redobrada e novas medidas", diz, à Renascença.
Gonçalo Tato Borges explica que só daqui a duas semanas é que podemos ver os efeitos das medidas que entraram em vigor, esta quarta-feira, mas que um resultado adverso implica uma "sobrecarga nos cuidados de saúde primários".
"As unidades de saúde pública não fariam mais nada do que acompanhamento de casos Covid-19 e não teriam capacidade para fazer inquérios epidemiológicos a todos os casos", aponta.
"Os internamentos poderão a aumentar. É expectável que os casos graves aumentem, mas não haverá, em princípio, uma situação tão dramática quanto a do ano passada", acrescenta, ainda.
O vice-presidente da ANMSP defende, no entanto, que as medidas atuais "são acertadas" e, por isso, seria "triste" se falhassem.
"Era uma demonstração que os portugueses não estariam a assumir esta pandemia com a seriedade devida. Temos de ter cautela e reduzir os nossos contactos sociais, para termos um Natal mais controlado e não assistirmos a uma explosão de casos em janeiro", apela.