O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse, durante uma visita ao Paquistão, que nunca viu um desastre climático como aquele que o país enfrenta devido às inundações, considerando que se trata de uma "carnificina climática".
"Tenho visto muitos desastres humanitários em todo o mundo, mas nunca vi uma carnificina climática desta magnitude. Simplesmente não tenho palavras para descrever o que vi hoje", disse o secretário-geral da ONU durante uma conferência de imprensa na cidade portuária de Karachi, no Paquistão.
"O Paquistão precisa de apoio financeiro massivo para superar esta crise; isto não é uma questão de generosidade, é uma questão de justiça", acrescentou o antigo primeiro-ministro português, considerando que "a Humanidade tem estado em guerra contra a natureza e a natureza contra-ataca", declarou, citado pela agência de notícias AP.
Guterres está no segundo dia da visita ao Paquistão, um país que tem sido devastado nos últimos meses por chuvas fortes e muitas inundações, que se agravaram durante a época das monções, e que já causaram a morte de 1.396 pessoas, 12.278 feridos e milhões de desalojados, principalmente nas províncias de Sindh e Baluchistan, no sul e sudoeste do país, respetivamente.
Quilómetros de colheitas de algodão e de cana-de-açúcar, bem como de banana e vegetais, ficaram submersos pelas inundações nestas duas províncias, e milhares de casas desabaram devido ao dilúvio que se agravou desde meados de junho, deixando sem abrigo os seus habitantes, obrigados a procurar refúgio nas tendas montadas ao longo das estradas, também elas danificadas, conta a AP.
"Aqueles que têm a capacidade de apoiar o Paquistão, façam-no agora e façam-no de forma massiva", pediu Guterres, no final da visita às áreas mais afetadas, prometendo que a ONU vai usar os seus limitados recursos para apoiar os habitantes.
As agências das Nações Unidas enviaram 60 cargas de avião de ajuda, e as autoridades apontam que os Emirados Árabes Unidos têm sido um dos países mais generosos, tendo já enviado 26 aviões repletos de ajuda para as vítimas.
O Paquistão é responsável por 0,4% das emissões com efeitos nocivos para o ambiente, sendo os Estados Unidos responsáveis por 21,5%, a China 16,5% e a União Europeia 15%, de acordo com os números citados pela AP.