Vieira da Silva. Este "é o pior ambiente" para as reuniões sobre Orçamento do Estado
25-09-2024 - 19:03
 • Filipa Ribeiro

Deputada do PS considera que é necessário "gelo nos pulsos" para melhorar o ambiente político e defende que intervenção do Presidente da República "não deve ser pública". Mariana Vieira da Silva espera uma reunião "serena" entre PS e Governo e garante que IRS Jovem não é "birra" dos socialistas.

Depois da troca de comunicados entre Governo e PS e das críticas às reuniões "secretas/discretas", a deputada do PS Mariana Vieira da Silva considera que "este é o pior ambiente" para que decorram reuniões sobre o Orçamento do Estado.

No programa da Renascença, Casa Comum, Mariana Vieira da Silva defende que os agentes políticos devem contribuir para um arrefecimento do ambiente, o "chamado gelo nos pulsos". E a socialista realça que isso não deve partir apenas dos partidos políticos, mas também do Presidente da República.

"A função do Presidente da República é naturalmente poder intervir, mas essa intervenção não deve ser pública e não deve ser num tom de ameaça nesta fase do campeonato", disse, considerando que o contributo de Marcelo Rebelo de Sousa não ajuda a que se concretize o desejo do próprio Presidente da República —contribui antes para criar "incerteza e pressão" .

Mariana Vieira da Silva espera que a reunião agendada para sexta-feira entre primeiro-ministro e Pedro Nuno Santos decorra de forma "serena, ao contrário de todo o processo até aqui".

A deputada do PS critica o "tom" do comunicado do Governo divulgado no domingo e o que foi dito num briefing do Conselho de Ministros pelo ministro da Presidência — que "ninguém sabe o que o PS quer". Mariana Vieira da Silva realça que é necessário "serenar os ânimos, baixar o tom e fazer as reuniões". No entanto, diz que por falta de maioria é "certo que este (documento de Orçamento do Estado) nunca será o Orçamento que a AD quer".

Sobre se Pedro Nuno Santos já deveria ter sido mais claro sobre o que pretende para o Orçamento do Estado, Mariana Vieira da Silva diz que o partido recebeu "há uma semana" a informação pedida ao Governo e que está a trabalhar para a reunião de sexta-feira.

A única certeza de Vieira da Silva é que com a proposta de IRS Jovem do Governo no documento, o PS irá votar contra. Apesar disso, a deputada garante que esta não é uma "birra do PS".

Para Mariana Vieira da Silva, a proposta de IRS Jovem do executivo "não é uma medida política, mas uma verdadeira revolução fiscal" e avisa que tendo a medida como eixo do Orçamento o Governo não pode ter a "expectativa" de um voto a favor do PS. A deputada acrescenta que a medida é "brutalmente injusta" e que com ela se está a "arraiar o desafio àquilo que a Constituição diz sobre o IRS".

Má relação entre Pedro Nuno Santos e Montenegro pode ser "dramática"

Duarte Pacheco realça que a "má relação" entre o líder do PS e o primeiro-ministro não começou com o comunicado deste fim de semana e que pode ser "dramática".

No programa Casa Comum da Renascença, o antigo deputado do PSD diz que o que seria natural é que os líderes se entendessem. Para Duarte Pacheco, a dificuldade de Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro em resolver o impasse com uma simples chamada telefónica leva a situações como a atual e isso pode ser "dramático".

Duarte Pacheco defende que entre os líderes de oposição deve haver uma "relação de confiança sabendo que quando se está a dizer algo é algo que vai mesmo acontecer e que a palavra é para respeitar".

Quanto às reuniões "secretas/discretas", o ex-deputado do PSD e antigo vice presidente da Assembleia da República realça que sempre aconteceram, inclusive durante o Governo do PS do qual fez parte Pedro Nuno Santos. Para Duarte Pacheco as reuniões não noticiadas são importantes e devem acontecer. "Eram reuniões de trabalho para partir pedra, para encontrar soluções e era bom que se voltasse a esse registo de modo a que o país tenha Orçamento do Estado".