As acções do Banif estão suspensas da negociação em bolsa por decisão da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), disse à Lusa fonte oficial.
Os títulos do banco liderado por Jorge Tomé foram suspensos cerca das 14h20 (hora de Lisboa).
O regulador dos mercados emitiu um comunicado a dar conta de que aguarda a “prestação de informação relevante relativa ao processo de venda voluntária do mesmo”.
Quando foram suspensas, as acções estavam a valorizar 43% para 0,002 euros (0,2 cêntimos).
Na semana passada, o Banif confirmou que estava “envolvido num processo formal e estruturado tendente à selecção de um investidor estratégico" que compre a posição de 60% que o Estado português detém no banco.
Vários órgãos de comunicação social têm noticiado que o Governo quer receber ofertas de compra ainda esta semana, de modo a ter uma solução privada para o Banif antes do Natal, avançando que entre os investidores interessados estão os bancos espanhóis Santander e Popular e o fundo norte-americano Apollo, que comprou a Tranquilidade (ex-seguradora do BES) e que foi um dos finalistas na corrida à compra do Novo Banco, que foi suspensa.
Esta quinta-feira, a agência de notícias espanhola Efe noticiou, citando fontes próximas da operação, que o Santander, que também apresentou proposta para a compra do Novo Banco, vai apresentar uma oferta para adquirir uma posição maioritária no Banif. A Lusa contactou fonte oficial em Espanha que recusou fazer qualquer comentário.
O Estado é o principal accionista do Banif desde que, no final de 2012, fez um aumento de capital de 700 milhões de euros no banco, além de ter injectado mais 400 milhões de euros em instrumentos de capital contingente, os chamados 'CoCos', tendo o banco só devolvido até agora 275 milhões de euros.
A Comissão Europeia – cuja Direcção-Geral da Concorrência tem aberta já há algum tempo uma investigação às ajudas prestadas pelo Estado ao Banif – afirmou recentemente num documento que tem "as maiores dúvidas" de que o banco consiga devolver o dinheiro público.
O 'contra-relógio’ para encontrar rapidamente uma solução para o Banif está relacionado com a entrada em vigor, a 1 de Janeiro de 2016, da nova legislação europeia sobre a liquidação e reestruturação de instituições bancárias, que impõe que obrigacionistas seniores e grandes depositantes (acima de 100 mil euros) paguem parte de uma eventual resolução.
Esta semana, o Banco de Portugal, Ministério das Finanças e Comissão Europeia garantiram a segurança dos depósitos no Banif. O primeiro-ministro, António Costa, reuniu-se com os grupos políticos com assento parlamentar para falar sobre a situação no banco.