E depois de Mossul?
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Mais de 250 mil pessoas já voltaram às terras de origem na província de Nínive, no Iraque, na zona de influência de Mossul, que foi libertado há poucas semanas do Estado Islâmico.
A informação foi avançada pelo porta-voz do Ministério da Migração e Mobilidade Interna do Iraque, citado pela fundação Ajuda à Igreja que Sofre. A planície de Nínive é o local de origem da antiga comunidade cristã do Iraque. Centenas de milhares de cristãos ainda vivem na região, juntamente com membros de outras minorias religiosas e étnicas, bem como os mais numerosos árabes e curdos.
A ocupação de Mossul por parte do Estado Islâmico permitiu a expansão do grupo terrorista para a região de Nínive e obrigou à fuga de centenas de milhares de pessoas. Segundo dados da agência católica Fides, no início de Junho havia cerca de 820 mil pessoas deslocadas de Nínive e o número aumentou com a intensificação dos combates em Mossul.
Apesar do número de pessoas que agora regressa a casa, as minorias continuam a manifestar preocupação. Numa entrevista publicada na passada sexta-feira o patriarca da Igreja Caldeia, a maior comunidade cristã do Iraque, dizia que a libertação de Mossul não apagou todos os factores de risco e instabilidade que existiam na região e que muitas das casas dos cristãos foram destruídas durante a campanha de terror do Estado Islâmico.
A fundação Ajuda à Igreja que Sofre mantém, porém, a intenção de promover o regresso dos cristãos. A AIS integra uma comissão cristã mista, composta ainda por representantes das igrejas Siro-ortodoxa, Siro-católica e caldeia, que tem por objectivo reconstruir 13 mil casas de cristãos, incluindo 669 que foram totalmente destruídas.
A operação tem um custo estimado de 250 milhões de euros. Destes a AIS já disponibilizou 450 mil para a reconstrução das primeiras 100 casas.
A AIS mantém-se também activa no apoio às famílias cristãs deslocadas, incluindo as 12 mil famílias que se encontram a viver actualmente noutras cidades no Iraque e no Curdistão iraquiano.