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Ana Jorge, provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, afirmou que a Jornada Mundial da Juventude (JMJ 2023) é um "momento" para os jovens se envolverem na defesa de "um mundo melhor, mais solidário e mais humano", independentemente da sua fé.
Na Conferência "Mundo em transição - O poder dos jovens na mudança global", uma iniciativa da Renascença em parceria com a Santa Casa, Ana Jorge destacou a inquietação, "que é mais característica nos jovens" e que os motivam para defender as suas causas.
"São curiosos e são contestatários e ainda bem que o são, porque nos obrigam a pensar com eles cada vez mais, envolvendo os jovens nesta discussão dos temas que lhes dizem respeito."
A provedora reforçou ainda a generosidade e o envolvimento dos jovens em várias causas, como o ambiente: "É com essa generosidade que muitos estão envolvidos numa dessas causas que é a melhoria do ambiente, que consegue mobilizar os jovens. Nós, às vezes, achamos que é contestação, mas é preocupação e (os jovens) puseram o ambiente na agenda do dia".
Destacou ainda a importância de os jovens se envolverem, por forma a contribuírem para um mundo melhor e mais solidário, apelando à participação na Jornada Mundial da Juventude como forma de "reforçarem a sua generosidade e o seu envolvimento".
"A JMJ fez-me lembrar o meu tempo de juventude, em que houve em Portugal um encontro da juventude em Lisboa, que era um movimento de encontro, de partilha e de conhecimento. E a Santa Casa está envolvida, de certo modo, na Jornada e empenhada no apoio. É um momento em que todos os jovens, independentemente da sua Fé, podem estar envolvidos nas boas causas e para reforçarem a sua generosidade e se envolverem na defesa de um mundo melhor, mais solidário e mais humano", destaca.
Falou ainda sobre as dificuldades e preocupações que os jovens enfrentam, principalmente neste período difícil a nível mundial.
"Estamos a viver, a nível mundial, um período muito difícil, de guerra na Europa e isso cria uma grande instabilidade no que é o futuro para todos. Essa é também uma grande preocupação dos jovens", afirmou, destacando a importância de "envolver os jovens na discussão e na partilha do que são as suas preocupações" e a necessidade dos "mais velhos" contribuírem com a sua experiência.
"Integrando isto tudo conseguimos dar respostas e construir em conjunto um mundo melhor e encontrar algumas respostas para estas questões. Este é um desafio que nos temos", destacou, reiterando a obrigação da Santa Casa "de apostar na área da infância e da juventude."
A provedora da Santa Casa referiu também que a instituição tem uma grande responsabilidade na área da infância e da juventude.
“As crianças são o futuro do país e o futuro começa hoje. O que pudermos fazer hoje terá os seus efeitos exponenciais", afirmou, relembrando que "todos temos uma criança dentro de nós" e que "enquanto tivermos a capacidade de criar e de querer fazer diferente, estamos vivos" e que "só podia em que não tivermos essa capacidade o ciclo da vida ao fim".
Na sua intervenção, Ana Jorge aponta a sua preocupação em relação à "área dos maus tratos e do abandono das crianças", salientando que "o número de vítimas de violência doméstica cresce assustadoramente em Portugal e estão quase sempre envolvidas crianças". A provedora apela por isso à necessidade de "criar e ter condições" para combater estas situações.
"Acabei de receber um telefonema de uma pessoa que encontrou uma criança, de cinco anos, sozinha num jardim. A dúvida era o que fazer, não se sabe se foi abandonada ou se fugiu, mas uma criança sozinha as nove da manhã num jardim... Deixa-nos preocupados sobre o que mundo em que estamos a viver", exemplifica.
Concluindo a sua intervenção, Ana Jorge recorda que "estamos num mundo em mudança e ela é muito rápida" e que, por isso, "temos de estar muito atentos e unir esforços". "Da nossa parte, Santa Casa, esperamos contribuir para um mundo melhor, mais equalitário e solidário".