O presidente da Câmara de Figueiró dos Vinhos garante que não há nenhum caso suspeito de irregularidades na reconstrução de casas no seu concelho, ao contrário do que foi dito na sexta-feira pelo autarca de Pedrógão Grande.
"Não há nenhum caso suspeito", disse hoje à agência Lusa o presidente do município, Jorge Abreu, desmentindo as declarações proferidas pelo autarca de Pedrógão Grande, Valdemar Alves, na sexta-feira, em que disse que a Comissão Técnica do Fundo Revita também estaria a avaliar suspeitas de irregularidades em Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos.
Segundo Jorge Abreu, o município não tem conhecimento de qualquer caso suspeito no concelho, não tendo recebido qualquer tipo de denúncia, nem a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC) tem conhecimento de qualquer caso de Figueiró dos Vinhos.
"Não há nenhum caso e, se houver algum, que digam. Estamos à vontade e todos os regulamentos foram cumpridos" na reconstrução das casas de primeira habitação em Figueiró dos Vinhos, um dos concelhos mais afetados pelo grande incêndio de junho de 2017, que deflagrou em Pedrógão Grande.
Em causa, estão as declarações do presidente da Câmara de Pedrógão Grande, que, antes da reunião da Comissão Técnica do Fundo Revita, na sexta-feira, afirmou que iam ser avaliados "dois ou três casos da Castanheira de Pera e um de Figueiró dos Vinhos".
Em declarações à Lusa, Jorge Abreu afirmou que ainda na sexta-feira falou com a presidente da CCDRC, Ana Abrunhosa, que lhe garantiu que os 21 casos que tinha enviado para o Ministério Público eram "todos de Pedrógão Grande. Não havia casos nem de Figueiró dos Vinhos, nem de Castanheira de Pera".
De acordo com o autarca de Figueiró dos Vinhos, Valdemar Alves terá feito "alguma confusão".
"Na realidade, estava um caso de Figueiró na ordem de trabalhos" da comissão técnica, não suspeito de irregularidades, mas apenas para prestação de informação, esclareceu Jorge Abreu.
O caso estava relacionado com um proprietário que não estava interessado em reconstruir a casa de primeira habitação e que ainda não terá sequer executado qualquer obra e que queria saber se o fundo Revita lhe pagaria a diferença daquilo que o seguro lhe tinha dado.
"Esse caso foi para lá apenas para informar a comissão", acrescentou o autarca.
Questionada pela Lusa, a presidente da Câmara de Castanheira de Pera recusou-se, por agora, a prestar qualquer comentário.
A agência Lusa tentou ainda, sem sucesso, contactar a presidente da CCDRC e o presidente da Câmara de Pedrógão Grande.
A Comissão Técnica do Fundo Revita (órgão gestor dos fundos de apoio à reconstrução das casas afetadas pelo grande incêndio de junho de 2017) analisou na sexta-feira, em Pedrógão Grande, os processos de reconstrução de habitações afetadas pelos fogos, face às suspeitas de irregularidades.
Em causa, está o inquérito aberto em julho pelo Ministério Público para investigar irregularidades na reconstrução de casas afetadas pelo incêndio de junho de 2017, após reportagem da revista Visão que relatava situações de apoio a reconstrução de casas que não eram de primeira habitação.