Universitários querem bolsas diferenciadas de acordo com o curso
07-12-2024 - 09:00
 • Fátima Casanova

Mais de 300 dirigentes de estruturas estudantis reúnem-se neste fim-de-semana em Barcelos. Os estudantes querem definir um conjunto de propostas para apresentar ao Governo ao nível da Ação Social e também no que toca ao acesso ao Ensino Superior. Não põem em causa os exames nacionais, mas rejeitam que o exame de Português tenha de ser feito por todos os alunos, que terminam o Secundário.

O Encontro Nacional de Direções Associativas (ENDA) realiza-se este fim-de-semana em Barcelos. É considerado o maior fórum de discussão sobre Ensino Superior, que desta vez vai juntar mais de 300 dirigentes de estruturas estudantis.

“Ação Social e Abandono Escolar” é o tema de um dos plenários com os estudantes a defenderem a atualização do valor da bolsa mínima, que há quatro anos está fixada em 871,25 euros.

De acordo com o presidente da Associação Académica do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (AAIPCA), João Salazar, estudar no ensino superior “é cada vez mais caro, obrigando que muitos dos estudantes tenham que trabalhar o que pode contribuir para o abandono escolar”.

João Salazar salienta que o valor das bolsas “não está a acompanhar o aumento do custo de vida” e relaciona o abandono escolar com a incapacidade financeira dos estudantes e dá como exemplo, o “peso grande que o alojamento tem” no orçamento dos estudantes, denunciando que muitos deles “não têm recibos” do aluguer para pedirem os apoios.

Este dirigente estudantil defende também o valor diferenciado das bolsas de acordo com as necessidades de cada curso e dá como exemplo “um estudante de tecnologia que precisa de comprar softwares, que custam 50 euros ou 60 euros, ou um estudante de design que também precisa de comprar outros materiais”.

“É preciso repensar se o exame de Português deverá ser obrigatório”

Outro dos assuntos em debate na ENDA diz respeito ao “Aceso ao Ensino Superior” com o presidente da Associação Académica do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave a defender que o exame nacional “é um instrumento que acaba por nivelar os alunos por igual e isso é muito importante para colmatar as desigualdades com o privado”, mas defende uma ponderação mais baixa para que “não seja esquecido o que foi o percurso do estudante durante o ensino secundário”.

Atualmente, os exames nacionais têm um peso de 30% na nota final das disciplinas, mas com o novo regime baixa para 25% e vai abranger os alunos que estão a frequentar o 11º ano.

Nestas declarações à Renascença, João Salazar destaca outra questão que também suscita debate entre os estudantes, que tem a ver com a obrigação de todos os alunos terem de realizar o exame de Português. O presidente da AAIPCA defende que “é preciso repensar se o exame de Português deverá ser obrigatório, tendo “em conta que cada estudante vai para uma área especifica” e, por isso, este dirigente questiona se é “necessário” que este exame seja obrigatório.

Com as propostas definidas, depois destes dois dias trabalhos, os dirigentes estudantis querem pedir uma reunião ao Ministro da Educação, Ciência e Inovação.