O fenómeno da violência doméstica merece “uma reflexão profunda da sociedade”, defende Júlia Bacelar, religiosa da congregação das Irmãs Adoradoras Escravas do Santíssimo Sacramento, instituição pioneira no acolhimento das vítimas de violência doméstica e que criou a primeira casa-abrigo em Portugal,.
O Observatório das Mulheres Assassinadas (OMA) da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) contabiliza 25 mulheres assassinadas em Portugal, este ano, até15 de novembro.
Em declarações à Renascença, por ocasião do Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres, a irmã Júlia Bacelar diz que é preciso “apostar na prevenção”, porque não pode aceitar-se como normal o namorado "dar quatro estalos à namorada”.
“Eu ando muito pelas escolas a falar sobre a violência no namoro e eles consideram que é uma coisa normal, por exemplo, dar quatro estalos na namorada”, relata.
“Enquanto este tipo de mentalidade não mudar, não se resolve este problema”, assegura.
Júlia Bacelar entende ser necessário apostar na prevenção e na sensibilização. “A normalidade com que os jovens encaram a violência sobre as mulheres tira-me do sério”, afirma.
"É de bradar aos céus sentirmos que as pessoas olham para isto com tanta normalidade”, remata.