Tragédias idênticas, indemnizações idênticas. É o que a Associação de Vítimas do Maior Incêndio de Sempre de Portugal vai reivindicar ao primeiro-ministro, na reunião desta sexta-feira, em Lisboa.
Luís Lagos, o rosto desta associação, queixa-se de discriminação em relação às indemnizações atribuídas no caso dos incêndios de junho, em Pedrógão. "Temos sentido discriminação, nomeadamente no apoio às empresas. A percentagem de ajuda que nos é dada para recuperar as empresas é inferior à que foi dada em Junho, ninguém entende." O presidente da associação fala em destruição material superior à dos incêndios de junho e, portanto, "a necessitar de ainda mais ajuda".
Na reunião com António Costa, Luís Lagos vai defender também a criação de um programa de apoio à reconstrução de segundas habitações. Teme que, sem a recuperação destas casas, haja menos gente a procurar este território em épocas festivas como Natal, Páscoa e férias de verão.
Quanto às primeiras habitações, a associação lamenta que os apoios para a recuperação do recheio não ultrapassem, em média, os 2.700 euros. "Quem é que com 2.700 euros consegue recuperar o interior de uma casa, comprar eletrodomésticos, mobiliário? É muito difícil."
Mais uma vez, Luís Lagos aponta para discriminação. "Se em Pedrógão a ajuda à reconstrução das casas foi regulamentada através do fundo REVITA - e as ajudas dos portugueses também foram canalizadas para aí - aqui, nada disso aconteceu", lamenta.
Os incêndios do ano passado fizeram mais de uma centena de vítimas mortais, 66 em Junho em Pedrógão Grande e 46, em Outubro, na região centro, milhares de hectares de floresta destruída e milhões de euros de prejuízos.
As chamas consumiram mais de 442 mil hectares, o pior ano de sempre em Portugal, segundo os dados do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas.