Ultrapassa os dois mil o número de médicos indisponíveis para fazer mais horas extraordinárias além das 150 por ano previstas na lei, revelou esta quarta-feira a vice-presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM).
Ouvida pela Renascença, Vitória Martins diz que as escusas têm estado a ser apresentadas em hospitais de norte a sul do país.
“Mais de dois mil médicos neste momento e os números crescem a cada dia que passa. São médicos de todo o país. É de várias especialidades, mas a cirurgia, anestesia, medicina interna, ortopedia, pediatria e cardiologia são algumas das especialidades que já entregaram a indisponibilidade de ir para além do limite legal das 150 horas extraordinárias.”
“Na última contagem seriam já mais de 27 hospitais a serem atingidos por essa situação”, refere Vitória Martins.
As cidades com hospitais com urgências fechadas ou com constrangimentos neste momento são: “Barcelos, Braga, Bragança, Aveiro, Figueira da Foz, Leiria, Caldas da Rainha, Lisboa, Amadora, Portimão, Torres Vedras, Viana do Castelo, Vila Nova de Gaia, Vila Real, Viseu, Santarém e Tomar”.
Vitória Martins comenta, ainda, a abertura manifestada pelo ministro da Saúde, Manuel Pizarro, para negociar algumas condições de trabalho dos médicos.
A vice-presidente da FNAM diz que o sindicato só aceita propostas por escrito. Depois de 16 meses de negociações sem resultados, Vitória Martins diz que só palavras não chegam.
“Promessas já ouvimos muitas em 16 meses de negociação”, afirma a dirigente da FNAM.
O bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, apresentou hoje ao ministro da Saúde quatro propostas para captar e reter médicos no Serviço Nacional de Saúde. Propôs ainda uma nova carreira médica e mais formação. Propostas que terão de ser negociadas pelos sindicatos médicos.