O líder do PSD considera que o arranque das negociações em torno do Orçamento do Estado para 2019 permite constatar as "fragilidades óbvias" da solução governativa e determinar se esta é apenas "uma coligação negativa" contra os sociais-democratas.
"O que estamos a ver agora, notoriamente, são as fragilidades óbvias de uma solução que tem choques ideológicos profundos. Sempre dissemos isso, quer agora quer antes de eu ser líder do PSD. E é esse o desafio que está perante o Partido Comunista e o Bloco de Esquerda: se isto é minimamente sustentável ou se é realmente um episódio pela negativa para evitar que o PSD tivesse conseguido formar Governo na devida altura", sustentou Rui Rio.
Questionado pelos jornalistas sobre o arranque das negociações entre os parceiros de esquerda (PCP, "Os Verdes" e Bloco de Esquerda) e o Governo socialista, o presidente do PSD afirmou que se revê nas declarações que têm sido proferidas quer pelo primeiro-ministro, António Costa, quer pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
"Na prática, aquilo que neste momento se vai testar é se, efetivamente, esta solução parlamentar encontrada tem alguma robustez, como foi dito pelos diversos parceiros, ou se não e apresenta deficiências graves e foi apenas por uma questão conjuntural que se conseguiram juntar", frisou Rui Rio.
Nesse sentido, o líder social-democrata acredita que as negociações para o Orçamento do Estado para 2019 (OE2019) serão um teste para perceber se a atual solução governativa "consegue durar pelo menos quatro anos ou se a vitalidade é tão fraca que foi apenas uma coligação negativa contra o PSD".
A reunião formal de topo entre Governo socialista e PCP para arranque das negociações para o OE2019 realizou-se na terça-feira, no Terreiro do Paço, Lisboa, disseram à Lusa fontes ligadas ao processo.
A reunião entre as partes aconteceu num dia em que o primeiro-ministro, António Costa, durante as jornadas parlamentares do PS no Alentejo, afirmou que quer manter os parceiros de solução governativa, mas avisou que o último ano de legislatura não pode ser eleitoralista, já depois de o líder parlamentar do PS, Carlos César, ter apelado ao sentido de responsabilidade do BE, PCP e PEV.
O secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa, também na terça-feira, manteve as duras críticas às alterações à lei laboral preconizadas pelo executivo, bem como à crescente convergência com PSD e CDS-PP por parte dos socialistas, desejando a manutenção do rumo traçado em 2015, apesar de nunca se ter verificado o "rompimento com a política de direita".
Nesse mesmo dia, o Presidente da República reiterou que é indesejável uma crise e que espera receber um diploma para promulgação do OE2019.
O PCP, BE e PEV assinaram posições conjuntas com o PS permitindo, em novembro de 2015, a viabilização do Governo minoritário socialista.