Risco de conflitos no mundo é o maior desde a II Guerra Mundial
10-01-2017 - 08:23

“Apesar de negro, o futuro ainda não está definido. Há escolhas que todos nós podemos fazer”, destaca a directora do Conselho Nacional de Informações dos Estados Unidos.

Desde a Segunda Guerra Mundial que não existia tanto risco de conflitos internacionais e os próximos cinco anos serão marcados por um aumento ainda maior das tensões internacionais. É a previsão do Conselho Nacional de Informações (National Intelligence Council - NIC) dos Estados Unidos.

“A nossa história do futuro começa e acaba com um paradoxo: as tendências globais para o futuro próximo sugerem um cenário negro e difícil, apesar dos progressos realizados nas últimas décadas, mas também hipóteses de escolha que conduzem a um futuro mais seguro e esperançoso”, diz o relatório divulgado na noite de segunda-feira.

Ou seja, “os avanços feitos na era industrial e da informação estão a moldar um mundo mais perigoso, mas também mais rico de oportunidades do que alguma vez na história. Serão as escolhas humanas que vão ditar a prevalência do perigo ou da esperança” nos próximos 20 anos, lê-se.

A directora do NIC sublinhou, por isso, na sessão de apresentação do relatório, que, “apesar de negro, o futuro não está gravado na pedra. Há opções que todos nós podemos tomar”.

Na fase negra dos próximos cinco anos, é de esperar que as tensões entre países aumentem, o crescimento económico diminua e que os desafios globais se tornem cada vez mais complexos.

“Um cada vez maior número de Estados, organizações e pessoas poderosas irão moldar a geopolítica. Para o bem ou para o mal, o cenário global que agora emerge encerra a era do domínio norte-americano que se seguiu à Guerra Fria. E até talvez a ordem internacional saída da Segunda Guerra Mundial”, afirma o Conselho Nacional de Informações.

Nesse sentido, “a cooperação internacional e a governação interna vai tornar-se mais difícil”, fazendo criar divergências sobre o modo como um país e o mundo devem ser governados, seja ao nível económico, ambiental ou religioso.

“Os debates sobre os limites morais tornar-se-ão mais pronunciados, enquanto as diferenças nos valores e interesses entre os Estados deverão ameaçar a segurança nacional”, destaca ainda o relatório.

O mundo nas nossas mãos

Se o mundo nos próximos 20 anos será um melhor ou pior sítio para se viver vai depender das respostas a três questões:

  • como vão pessoas e os governos renegociar as expectativas que têm um do outro de modo a criar uma nova ordem política de cidadãos mais informados (e, portanto, com mais poder) e de economias em constante mudança?
  • Até que ponto conseguirão os governos e os grupos de cidadãos preparar-se para os novos desafios globais, como as alterações climáticas e os avanços tecnológicos?

Em que medida conseguirão os Estados, bem como os indivíduos (sozinhos ou em grupo) criar novos modelos de cooperação e concorrência internacional?

A maneira como as respostas vão ser dadas ao nível local (naquilo que o relatório designa de “ilhas”, regional (“órbitas”) e transnacional (“comunidades”) e como se vão interligar é o que vai determinar o caminho da humanidade nos próximos anos.