André Villas-Boas tem equipas preparadas para se candidatar à presidência do FC Porto, em 2024 ou nas eleições seguintes, e garante que não será a eventual concorrência de Jorge Nuno Pinto da Costa a demovê-lo, segundo revela em entrevista ao jornal "Expresso".
Na primeira parte da entrevista, publicada esta quinta-feira, o antigo treinador portista assume que tem feito "um caminho de preparação" que o coloca na rota das eleições, seja em 2024 ou mais tarde.
"[Tenho de] estar preparado para ser o próximo presidente do FC Porto. Agora, é um cargo que exige máximas responsabilidades. Exige também uma equipa profissional e de créditos formados por trás. Toda a construção do que será a futura vida do FC Porto tem de acontecer com passos firmes, bem pensados, estruturados, com rigor. (...) São essas questões que ditam a apresentação de uma candidatura às próximas ou às seguintes eleições", sublinha.
O que falta a Villas-Boas decidir são os "timings" e isso depende, também, de uma votação em assembleia geral para um possível adiamento das eleições de abril para junho do próximo ano.
"Esses vários 'timings' têm de ir de encontro ao respeito pela época desportiva do FC Porto. Eu tenho essa ambição, nunca a escondi, é pública, tenho o máximo respeito pelo presidente Jorge Nuno Pinto da Costa e tenho que estar pronto para o substituir à altura caso assim desejem os sócios", refere.
Villas-Boas quer época 2023/24 vitoriosa, mesmo com eleições
Questionado sobre se lhe custaria concorrer com Pinto da Costa, que já deixou implícito que se recandidatará, Villas-Boas diz que não: "Se me estão a perguntar se o que me impede de apresentar uma candidatura é a presença do presidente Pinto da Costa, diria que não."
Uma boa época desportiva poderá granjear votos a Pinto da Costa. Villas-Boas recusa, contudo, torcer contra o FC Porto, também porque o presente do clube afetará o futuro que poderá ser seu: "Todos nós queremos que esta época desportiva termine com o FC Porto campeão nacional."
"Além de ser uma obrigação e normalmente uma responsabilidade de todos os treinadores que lá estão, torna-se cada vez mais importante tendo em conta a mudança dos quadros competitivos europeus, a injeção de capital que os novos quadros competitivos trazem e, no fundo, a sustentabilidade financeira do FC Porto para os próximos anos", diz.
"AVB" "surpreso" com "ataques injustificáveis" de Pinto da Costa
Os últimos anos, especialmente à medida que se aproximam as eleições do Porto, ficam marcados pelo deteriorar da relação entre Villas-Boas e Pinto da Costa. O treinador diz que não passa de "desentendimentos desportivos que são fruto de alguns desencontros e tomadas de posição públicas" do presidente portista para consigo.
Villas-Boas admite "alguma surpresa [com] determinados ataques de personalidade", que classifica como "injustificáveis".
Contudo, garante também que conserva "a máxima opinião" de Pinto da Costa e "o máximo respeito pelo que ele fez pelo FC Porto".
De volta a uma possível corrida entre Villas-Boas e Pinto da Costa à presidência do clube, o técnico lembra que, neste momento, só Nuno Lobo é garantidamente candidato às eleições de 2024. No entanto, o presidente dos últimos 41 anos também já se move nesse sentido, revela:
"Há uma comissão de candidatura do presidente Pinto da Costa que se tem dedicado a recolher assinaturas com algumas figuras políticas."
Perfis definidos e um percurso de estudo rumo à presidência
Em 2024 ou mais tarde, contra Pinto da Costa ou não, Villas-Boas tem-se preparado de várias formas para, um dia, ir a sufrágio e, se os sócios assim o decidirem, assumir a presidência do FC Porto.
Na mesma entrevista, o treinador explica que quis juntar ao conhecimento futebolístico a especialização em tarefas que não domina.
Por isso, estudou gestão executiva na Universidade de Columbia, em Nova Iorque, uma das mais reputadas do mundo: "Eu tenho o defeito de ser muito exigente comigo mesmo e cargos desta dimensão exigem preparação em aspetos em que cada um se acha menos dominante."
Também por isso, já tem definida, em traços gerais, a equipa que o acompanhará, caso se candidate à presidência do FC Porto.
"O que estão definidos são perfis. E esses perfis têm de ter créditos firmados e serem pessoas de excelência tendo em conta o desafio e o nível de organização. E o clube e o que ele significa", completa.