Vinte anos após o lançamento da primeira pedra e vários governos depois, foi finalmente inaugurada esta terça-feira a nova Divisão da PSP de Cascais.
A atribulada obra, projetada pelo arquiteto Troufa Real, passou por três empreiteiros e terá custado ao Estado cerca de seis milhões de euros.
A história desta esquadra tem um pouco de tudo. Desde insolvências a ameaças de demolição, e nem sequer faltam nomes como o de Carlos Santos Silva, o amigo de José Sócrates que agora é arguido no “Processo Marquês” e que foi o primeiro empreiteiro a declarar falência.
O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, esteve na inauguração, mas preferiu não falar do passado. Não sabe quanto foi gasto e não comenta a inação de governos anteriores.
“Aquilo que lamento é que este investimento não estivesse ao serviço da população há dez ou 20 anos, mas nós não podemos resolver o passado”, afirmou Eduardo Cabrita.
O presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras, prefere deixar as questões do passado para os tribunais.
“Essas contas não são contas da Câmara. É um processo muito complicado, que tem reminiscências ainda hoje a nível da comunicação social e da justiça, porque esteve aqui um grupo com empresas que faliram, os responsáveis dessas empresas estão hoje nas páginas dos jornais por não terem tido o melhor comportamento, que será julgado. Mas eu não sei quanto é que o Estado central gastou no edifício”, afirma o autarca.
Carlos Carreiras destaca o facto de este novo edifício substituir aquele que durante 60 anos esteve ao serviço da vila de Cascais em condições sub-humanas.
“Tenho várias histórias daquela esquadra, algumas que me impressionaram muito. Uma delas foi ver agentes da PSP a fardarem-se em cima de tijolos porque o chão estava todo alagado. O gabinete de apoio à vítima, alguém que tivesse a infelicidade de ser vítima quando ia a esse gabinete sentia que estava a ser novamente violentada”, lamenta o autarca.
Por iniciativa da Câmara de Cascais, a quem o Governo ainda deve um milhão de euros, a obra chegou finalmente ao fim, mesmo que ainda haja alguns trabalhos finais pela frente.
No edifício agora inaugurado vão trabalhar 167 polícias oriundos de vários locais do concelho de Cascais. Ali será a sede da Divisão, o Trânsito, a Investigação Criminal e a nova base das Equipas de Intervenção Rápida.