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Depois do Facebook, a polémica de partilha de dados pessoais está agora virada para a Google. Os e-mails da conta Gmail estão a ser lidos por terceiros. A notícia é avançada pelo diário norte-americano “Wall Street Journal”.
O Gmail tem mais de mil milhões de utilizadores em todo o mundo. A própria Google já confirmou que permite que outros possam ler os e-mails enviados e recebidos pelas pessoas que têm conta no seu serviço de e-mail.
Tudo acontece com a autorização do utilizador que, na maioria das vezes, nem dá por isso. Ao associar a conta Gmail a uma aplicação ou serviço, por exemplo, ao tentar reservar um hotel ou uma viagem de avião, a empresa que gere essa aplicação passa a ter acesso aos e-mails do utilizador, podendo mesmo ler, enviar ou excluir mensagens.
O “Wall Street Journal” chama a este caso “segredo sujo” e revela testemunhos de funcionários de empresas de aplicações que admitem ter lido milhares de mensagens privadas.
A Google defende-se dizendo que esta prática não vai contra as suas políticas, uma vez que são os utilizadores a autorizarem esse acesso quando associam a sua conta a uma aplicação ou serviço. A empresa recorda que os utilizadores do Gmail podem aceder à página de verificação de segurança, ver que aplicações têm a conta associada e impedir essa permissão para partilha de dados.
A investigação do “Wall Street Journal” lembra que há um ano a Google garantiu que iria impedir que os seus computadores analisassem as caixas de entrada dos utilizadores do Gmail para obter informações para personalizar a publicidade. A gigante tecnológica dizia que queria que os utilizadores continuassem confiantes de que a Google iria manter a sua privacidade e segurança.
Em declarações à Renascença, o diretor da revista "Exame Informática" diz que a segurança dos dados dos utilizadores depende, sobretudo, dos próprios. O problema, aponta Pedro Oliveira, está na pouca paciência para ler os termos e condições dos serviços que subscrevem.
"Continua a ser por preguiça nossa quando não lemos os termos e condições, dizemos a tudo que sim, e de repente somos surpreendidos porque alguém anda a ler os nossos e-mails, mesmo que depois tenhamos a prova disso todos os dias. Há muito software que está a fazer a análise de texto e que, com base nessa análise, vai servir publicidade - leitura cega, diríamos. Neste caso, pelos vistos existem também pessoas que estão a ler os e-mails, realmente entramos aqui já nuns pormenores que são mais preocupantes."
Para os utilizadores que se sentem inseguros face a estas suspeitas de intromissão na sua vida privada online, Pedro Oliveira deixa alguns conselhos.
"O que devem fazer é revisitar o site da google, irem às suas definições dentro do seu próprio Gmail, irem ao menu permissões e começar a desmarcar tudo aquilo que, por defeito, marcámos positivamente, ou seja, cada aplicação que quer aceder à informação normalmente diz que vai ler os e-mails, que pode partilhar essa informação, e o que temos de fazer é desmarcar esses campos para que as aplicações, a partir desse momento, não possam daqui para a frente aceder à informação. Claro que tudo o que estiver no passado, a informação já está devidamente indexada."
[Notícia atualizada às 15h00]