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O presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH),Alexandre Lourenço, considera "um pouco triste" Portugal poder ter de transferir doentes para o estrangeiro porque não soube "lidar com uma situação dentro de portas".
"É um pouco triste passados dez anos e termos que pedir auxílio ao estrangeiro quando não soubemos lidar com uma situação dentro de portas", lamentou Alexandre Lourenço na Comissão Eventual para o acompanhamento da aplicação das medidas de resposta à pandemia da doença COVID-19 e do processo de recuperação económica e social.
Assinalando o facto de hoje ser o dia em se se registou o maior número de mortes por covid-19 (293) em Portugal, Alexandre Lourenço afirmou: "são concidadãos que estão a morrer, estão a ser infetados e infelizmente temos esta situação de ter que pedir ajuda a terceiros porque não soubemos gerir a situação no nosso país da forma mais adequada".
O presidente da APAH alertou também para a situação dos doentes não covid e para a necessidade de haver "respostas claras" para estes pacientes.
Por várias vezes, os hospitais apresentaram as suas capacidades até ao final de 2020 e "era obrigação encontrar respostas alternativas para estes doentes" quer a nível hospitalar, quer na resposta dos cuidados de saúde primários, afirmou.
Alexandre Lourenço defendeu "um plano de contingência mais alargado" porque certamente terá de trabalhar-se em "outros cenários de evolução" porque "o confinamento ou a definição do confinamento vai ter que ser mais rápido".
Questionado pelos deputados sobre os recursos humanos Alexandre Lourenço afirmou que "os hospitais certamente foram ao mercado para contratar profissionais, mas quando se oferece, por exemplo, só contratos de quatro meses a capacidade de atração do SNS é inferior a outros setores ou mesmo do mercado internacional".
"Mesmo se quiséssemos captar portugueses para vir trabalhar para Portugal oferecer contratos de quatro meses é muito limitado e limita as nossas capacidades", insistiu.
Para o presidente da APAH, o plano de ação outono/inverno devia ter estipulado estas capacidades para apoiar o Governo na tomada de decisão, porque mesmo o recurso ao setor privado dependeria sempre de uma planificação.
Devia haver um "planeamento progressivo" para dizer também ao setor privado para parar com a atividade eletiva para responder às necessidades de ocupar os seus meios por covid, sustentou.
"É inimaginável de um dia para o outro nós virmos a tomar conta ou contratar serviços do setor privado de uma forma avulsa sem qualquer tipo de planeamento", salientou.
Um planeamento eficaz passava também por estipular onde os hospitais de retaguarda iriam ser instalados e que meios existiam para não se estar hoje "quase em cima do joelho" a montá-los.
Relativamente ao que se passou nos últimos dias em relação à questão do oxigénio, afirmou que já tinham alertado na semana passada para esta matéria e para a necessidade de contabilizar o número de doentes em oxigenoterapia para avaliar a capacidade de cada hospital.
"Existe muito pouca coordenação multilateral de setores e as "task force" regionais e nacionais nunca chegaram a sair de intenções", lamentou o responsável.
Desde o início da pandemia, Portugal já registou 11.305 mortes associadas à covid-19 e 668.951 casos de infeção pelo vírus SARS-CoV-2, estando hoje ativos 172.893 casos, mais 5.512 do que na terça-feira.