“Uma pessoa que esteve sempre no centro-direita será empurrado para o centro-esquerda”
08-03-2024 - 10:10
 • Sérgio Costa , Olímpia Mairos

Henrique Raposo teme uma radicalização à direita.

O comentador da Renascença Henrique Raposo adverte para o "perigo de uma viragem à direita" no nosso país.

“A grande questão de fundo da política portuguesa não é o problema do centro-direita, com os reformados, é o problema da esquerda, sobretudo do PS, com os mais novos, porque não têm futuro eleitoral. É gravíssimo o que está a passar”, alerta o comentador no seu habitual espaço d’As Três da Manhã.

Henrique Raposo refere-se ao processo cultural em marcha na sociedade portuguesa em que se verifica “uma viragem à direita bastante pronunciada dos mais jovens” e aponta como exemplo os dados da última sondagem da Universidade Católica.

“Entre os 18 e os 34 anos, 25% AD, 18% Chega, 11% IL, e depois só aparece com 8% o PS. Os outros partidos de esquerda sequer aparecem. Dos 35 aos 64, anos 26% para AD, 19% para o PS, 16% para o Chega. A esquerda só começa a dominar nos reformados”, exemplifica.

A manter-se esta tendência no futuro, “a viragem dos mais jovens vai ser tão grande à direita que uma pessoa que esteve sempre no centro-direita, nos últimos 20 anos, será empurrado para o centro-esquerda”, diz.

Segundo Raposo, chegamos até aqui porque, “durante muito tempo, a esquerda pensou que o Chega era só um problema para a direita, no sentido em que pensavam que o Chega só iria 'comer' parte do eleitorado clássico do centro-direita, mas isso não é verdade”.

“Franjas do eleitorado da direita foram 'comidas' pelo Chega, mas o Chega também está a entrar nos bastiões da esquerda, em Setúbal, Beja e em Loures”, avisa.

Na visão do comentador, “daqui a 15 anos, quem esteve sempre no centro-direita vai estar a ocupar um espaço que na geometria do Parlamento é esquerda, se não conseguirmos parar na juventude esta vaga de fundo”.

Questionado sobre se haverá uma radicalização à direita, Raposo diz que “se se pensar para além desta eleição, sim”.