A Etiópia começou a encher uma barragem que ainda está em construção, informou esta quarta-feira o ministro etíope da Água.
O projeto, a Grande Barragem do Renascimento Etíope, preocupa o Sudão e o Egito, que temem que a construção da barragem afete a chegada das águas aos seus próprios países.
Os três países têm estado em conversações para tentar chegar a um acordo juridicamente vinculativo, mas até agora todas as rondas terminaram sem qualquer consenso.
Segundo o ministro Seleshi Bekele o nível da água no reservatório passou dos 525 para os 560 metros, mas o governador não disse se isto se devia às fortes chuvas que se têm feito sentir na região, ou se tinham fechado as comportas da barragem.
Só no Egito, por exemplo, 100 milhões de pessoas dependem das águas do Nilo, do qual o Nilo Azul é um dos grandes afluentes. É do Nilo que o Egipto retira 90% da sua água potável. O Governo egípcio já pediu clarificações a Adis Abeba, mas ainda não obteve resposta.
O Sudão também manifestou preocupação, dizendo que imagens de satélite comprovam a subida dos níveis no reservatório e que contagens na fronteira entre os dois países mostram um défice de 90 milhões de metros cúbicos por dia.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, interveio, pedindo aos três países para “aproveitar a oportunidade para ultrapassar as diferenças que permanecem ao longo dos próximos dias e chegar a um acordo mutuamente benéfico para os seus povos.”
Quando a barragem estiver concluída deverá ter uma capacidade instalada de 6.450 megawatts, permitindo à Etiópia duplicar a sua capacidade de produção energética e tornar-se a maior exportadora de energia no continente.