Milhares de agricultores e centenas de tratores no centro de Madrid
21-02-2024 - 13:37
 • Lusa

Tratores e agricultores a pé farão ao início da tarde uma marcha até ao Ministério da Agricultura, na rotunda de Atocha, onde também se foram concentrando centenas de pessoas ao longo da manhã.

Milhares de pessoas ao lado de centenas de tratores estão esta quarta-feira a manifestar-se nas ruas do centro de Madrid contra políticas e regulamentos europeus para a agricultura, com críticas também ao Governo de Espanha.

Segundo as autoridades, foi permitida a entrada no centro de Madrid de 500 tratores, que desde o início da manhã confluíram para a cidade em cinco colunas oriundas de diversas localizações em redor da capital espanhola.

O ponto de encontro dos tratores foi a Porta de Alcalá, um dos símbolos de Madrid e onde também desde o início da manhã se foram concentrando agricultores, que chegaram à cidade em autocarros.

Com coletes amarelos refletores, chocalhos, apitos, vuvuzelas, bandeiras de Espanha e cartazes, os agricultores criticam "a asfixia" dos regulamentos europeus e aquilo que consideram ser a passividade do Governo espanhol perante a burocracia e regras a que estão sujeitos.

"Amnistia para o campo, não burocracia", "não somos a Espanha esvaziada, somos a Espanha abandonada", "se o campo não produz, a cidade não come", lê-se em alguns dos cartazes e faixas empunhados pelos agricultores ou colocados nos tratores.

Segundo a convocatória da manifestação, permitida pelas autoridades, tratores e agricultores a pé farão ao início da tarde uma marcha até ao Ministério da Agricultura, na rotunda de Atocha, onde também se foram concentrando centenas de pessoas ao longo da manhã.

A rotunda da Porta de Alcalá está cortada desde o início da manhã pelos manifestantes e a Câmara Municipal de Madrid afirmou haver complicações com o trânsito e os transportes públicos no centro da cidade por causa do protesto, incluindo 127 linhas de autocarro com perturbações ou suspensas.

A manifestação foi convocada pela associação União de Uniões, que acusou as autoridades de terem vetado o acesso a Madrid a pelo menos 800 tratores porque havia 1.500 veículos preparados para participar no protesto.

A Delegação do Governo (a entidade responsável por autorizar e organizar os dispositivos de segurança das manifestações) disse, num comunicado, que foram impedidos de entrar 150 tratores em Madrid e porque excediam os 500 que constavam na convocatória do protesto.

Os agricultores espanhóis, em linha com o que está a acontecer noutros países da União Europeia, estão a manifestar-se nas ruas todos os dias, consecutivamente, desde 6 de fevereiro.

As manifestações, em diversos pontos de Espanha, estão a ser convocadas pelas associações de agricultores, mas também de forma informal nas redes sociais.

O protesto desta quarta-feira é o maior que já ocorreu em Madrid.

O ministro da Agricultura, Luis Planas, disse hoje que o Governo espanhol respeita o direito à manifestação dos agricultores e que espera que o protesto decorra com normalidade e sem incidentes.

Na semana passada, o executivo apresentou um pacote de 18 medidas para responder a reivindicações dos agricultores, mas as confederações do setor decidiram manter os protestos que tinham já agendados, apesar de reconhecerem "avanços importantes".

As 18 medidas e propostas foram apresentadas pelo ministro Luis Planas, que reconheceu que boa parte são competência da UE e, por isso, o compromisso é propô-las e defendê-las em Bruxelas.

Entre essas propostas que Espanha defenderá nas instâncias europeias estão várias para flexibilização de regras da Política Agrícola Comum (PAC), a simplificação de procedimentos e diminuição de burocracia e mais exigências para produtos importados do exterior da UE, as designadas "cláusulas espelho" (impor às importações as mesmas regras de produção impostas dentro dos Estados-membros).

Espanha é o primeiro exportador da UE de frutas e legumes.

Os agricultores europeus, incluindo em Portugal, têm saído à rua nas últimas semanas para exigir a flexibilização da PAC e mais apoios para o setor.