O subsecretário-geral das Nações Unidas disse ao Papa Francisco, no Vaticano, que está a ser cada vez mais difícil distribuir ajuda humanitária aos palestinianos. Os funcionários da ONU “têm operado em condições quase impossíveis” e têm sido alvo de bombardeamentos na sequência dos quais já morreram mais de 200.
Jorge Moreira da Silva, subsecretário-geral da ONU, transmitiu esta quinta-feira ao Papa as dificuldades que as Nações Unidas enfrentam na distribuição de ajuda humanitária em Gaza, numa audiência privada de 20 minutos.
O responsável pelo Gabinete das Nações Unidas de Serviços para Projetos (UNOPS), que tem a seu cargo um mecanismo para facilitar, coordenar e monitorizar as remessas de ajuda humanitária para Gaza, sublinhou neste encontro com o Papa que o “Direito Internacional está a ser violado”.
À Renascença, Jorge Moreira da Silva explicou que “a ajuda humanitária só não chega às pessoas que estão em Gaza, porque existe falta de vontade política para garantir a segurança dos funcionários das Nações Unidas e falta de condições para que os camiões circulem, para que não existam roubos e desvio de camiões”, lembrando que ainda na semana passada foram desviados 90 camiões com ajuda humanitária.
Nesta audiência, Moreira da Silva transmitiu ainda ao Papa que a organização “tem operado em condições quase impossíveis, em que não se consegue ter segurança para distribuir a ajuda humanitária”.
Este responsável da ONU disse que “os próprios funcionários das Nações Unidas têm sido alvo de bombardeamentos, assinalando que mais de 200 funcionários morreram, incluindo um da UNOPS.
Escusando-se a dar conta da posição do Papa, disse, ainda assim, que o Santo Padre fez questão de sublinhar a “sua solidariedade e apreço com o papel que as Nações Unidas estão a desenvolver nos diferentes contextos de guerra, em especial em Gaza”.
Nesta audiência no Vaticano, também houve oportunidade para falar sobre “os desafios da ação climática”, disse à Renascença Jorge Moreira da Silva, lembrando que o Papa Francisco "tem sido uma voz inconformista e reformista no tema das alterações climáticas”.
Jorge Moreira da Silva recorda que, há nove anos, quando era ministro do Ambiente e da Energia, já se tinha encontrado com o Papa, que na altura convocou todos os ministros do Ambiente da União Europeia para os “mobilizar para o Acordo de Paris, que se celebrou uns dias depois".