O presidente do PSD, Luís Montenegro, acusou hoje o Governo de andar "a reboque" dos sociais-democratas, nomeadamente no tema da imigração, defendendo a necessidade de um "plano de acolhimento e integração de imigrantes".
"É cada vez mais claro que o Governo continua a reboque do PSD. Precisamos de abordar este assunto de forma séria com um plano de acolhimento e integração de imigrantes e de um primeiro-ministro pró-ativo, capaz de governar a pensar no futuro e não apenas no dia de amanhã", defendeu Montenegro, na sua conta oficial na rede social Twitter.
Na mensagem, o presidente dos sociais-democratas partilha uma notícia divulgada este fim de semana a propósito da 36.ª cimeira de chefes de Estado e de Governo da União Africana (UA), que decorreu em Adis Abeba, e na qual o primeiro-ministro, António Costa, subscreveu a proposta do presidente do Conselho Europeu para um pacto entre a Europa e África que regule o fluxo migratório, punindo os grupos criminosos que traficam pessoas mas também promovendo canais legais de migração.
"A vizinhança convive e esse convívio tem que ser um convívio devidamente regulado e não ser uma oportunidade para a criminalidade organizada e uma ameaça para a vida de todos aqueles que querem encontrar do lado de lá do Mediterrâneo novas oportunidades de vida", afirmou à Lusa António Costa, à margem desta cimeira na qual participou como observador, sendo o único governante não africano presente.
Em paralelo, é necessário definir canais de migração legais, sustentou o primeiro-ministro.
"Nós temos que encontrar aqui uma solução que seja positiva para todos, porque a Europa indiscutivelmente precisa de mais recursos humanos" e "África tem recursos humanos em abundância", considerou o chefe de governo português.
Mas, "por outro lado, também a Europa tem que encontrar formas de a ajudar a criar novos postos de trabalho no continente africano para que não tenhamos aqui simplesmente uma perda de capacidade de recursos humanos no continente africano", acrescentou.
O tema da imigração tem gerado polémica depois de na semana passada, a propósito do incêndio na Mouraria que matou duas pessoas, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), ter defendido que se deve estabelecer limites por setores à imigração e criticou que seja possível atualmente a entrada de imigrantes em Portugal sem contrato de trabalho.
Já o líder do PSD, Luís Montenegro, considerou que o país deve receber imigrantes "de forma regulada" e "procurar pelo mundo" as comunidades que possam interagir melhor com os portugueses.
No passado dia 16, em entrevista à TVI, António Costa admitiu ter ficado "um pouco preocupado" com as declarações de responsáveis sociais-democratas sobre imigração, manifestando-se convicto de que "o eleitorado do PSD nunca consentirá" que o partido se deixe "contaminar pelas ideias do Chega".
Montenegro encontra-se na terça-feira com a comunidade imigrante brasileira em Braga, onde se irá reunir com a Associação UAI - União, Apoio e Integração.