Especialistas traçam objectivo. Tornar o cancro uma doença crónica
08-12-2015 - 13:50

O Prémio Nobel da Química Tomas Lindahl considera que o futuro é conseguir que as doenças oncológicas sejam como a diabetes: "pode viver-se com a doença, há uma boa medicação pode levar-se uma vida normal, sem estar o tempo todo assustado".

O Prémio Nobel da Química Tomas Lindahl defendeu que o cancro poderá vir a ser tratado como uma doença crónica, considerando que este é o caminho para encontrar uma cura.

Que o cancro se torne um dia uma doença crónica é "agora um dos objectivos do nosso campo de investigação", afirmou Tomas Lindahl, um dos três investigadores distinguidos com o Nobel da Química pelos estudos dos mecanismos que permitem a reparação de ADN.

Os investigadores, segundo o Comité Nobel, conseguiram, através de uma espécie de "caixa de ferramentas de reparação de ADN", mapear, a nível molecular, a forma como reparar as células danificadas, permitindo também salvaguardar a informação genética.

"O trabalho desenvolvido forneceu conhecimento fundamental sobre como funciona uma célula viva e pode ser usada, por exemplo, no desenvolvimento de novas terapias contra o cancro", justificou o Comité Nobel, num comunicado divulgado a 7 de Outubro.

Nascido em Estocolmo, na Suécia, e especialista na área do cancro, Tomas Lindahl, 77 anos, desenvolve o seu trabalho como responsável do grupo emérito do Instituto Francis Crick de investigação biomédica, em Londres.

"Mais do que falar da cura do cancro, prefiro olhar para o problema como se se tratasse da diabetes", disse Tomas Lindahl em entrevista à agência espanhola Efe.

"Não se pretende curar a diabetes. Bem, pode tentar-se, apesar de ser muito difícil, mas pode viver-se com a doença, há uma boa medicação pode levar-se uma vida normal, sem estar o tempo todo assustado, explicou.

O objetivo "é conseguir o mesmo" com o cancro, "que se possa viver como ele, mas sem pensar nisso, e com uma medicação diária, conseguir ter uma normal", frisou.

No entanto, o investigador não se aventura em estabelecer um prazo para atingir esse objectivo, uma vez que existem diferentes tipos de cancro. .

"Há alguns que podemos curar ou regredir, mas há outros, como o cancro do pâncreas, que ainda não entendemos e que ainda é uma doença muito perigosa".

A esperança dos investigadores, segundo Lindahl, é "entender porque é que alguns tipos de cancro não respondem bem aos tratamentos". Se conseguirem responder a esta questão poderão encontrar novos medicamentos e melhores tratamentos para os doentes.

"Mas, primeiro, temos de entender qual é o problema", reconheceu o investigador e perito e e para isso precisamos de realizar mais investigação básica, um tipo de ciência fundamental para o desenvolvimento de todas as disciplinas.