Os internamentos sociais em março subiram 60% face ao período homólogo do ano passado. São cerca de 1.675 pessoas internadas de forma inapropriada nos hospitais portugueses.
Os dados são do sétimo Barómetro de Internamentos Sociais, realizado pela Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) em parceria com a EY e com o apoio institucional da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) e da Associação dos Profissionais de Serviço Social (APSS) e conhecido esta sexta-feira.
O relatório indica que os internamentos sociais representavam, em março, 9,4% do total dos internamentos nos hospitais públicos. Estes internamentos devem acabar por ter um custo ao Estado superior a 226 milhões de euros, em 2023.
Lisboa e Vale do Tejo (34%) e Norte (45%) são as regiões com
maiores taxas de internamentos inapropriados, sendo responsáveis, em conjunto,
por mais de oito em cada dez casos de pacientes internados nesta circunstância.
"Os dados dão conta de um total de 102.807 dias de internamentos inapropriados (mais 228% face à sexta edição do Barómetro), um número que espelha o elevado impacto deste fenómeno no prolongamento da ocupação das camas em ambiente hospitalar, assim como no aumento dos tempos de espera para internamentos programados, resultando na degradação dos cuidados de saúde", diz o levantamento da APAH.
Os internamentos sociais ou inapropriados são casos em que os doentes permanecem no hospital depois de receberem alta médica, ou seja, quando a sua permanência no hospital já não é clinicamente justificável, mas socialmente necessária.
Em muitos casos, os utentes não têm condições para regressar ou permanecer nas suas casas, seja por não terem autonomia suficiente - por não estarem em condições de cuidarem de si próprios -, seja por ausência de suporte familiar ou de uma rede de apoio.
Segundo o barómetro da APAH, a falta de resposta da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) foi apontada como responsável por metade dos casos. No entanto, quando se analisa o aumento dos dias de internamento inapropriados, a principal causa passa a ser a não obtenção de vaga atempada em lares e outras estruturas residenciaIs para idosos (ERPI).
"Temos mais doentes a aguardar vaga na RNCCI, mas aqueles que aguardam por vaga em ERPI aguardam mais tempo. Na mais recente análise, este fator explica 49% dos internamentos injustificados, estando entre as principais causas referidas em todas as regiões do país", refere a APAH.