A democracia digital dificulta o bom governo, defende Paulo Portas, que foi à convenção do Movimento Europa e Liberdade (MEL), nesta quarta-feira, para falar sobre os atuais desafios à democracia, criados, sobretudo, pela internet e o mundo das redes sociais.
“As organizações das vanguardas nas redes sociais, no plano estritamente político, levam ao triunfo das opções mais extremas e à rarefação da moderação, porque ninguém tem 'likes' por ser moderado. E ninguém é aplaudido por procurar um compromisso”, afirmou o antigo líder do CDS-PP.
Portas considera que a “democracia representativa como nós a conhecemos” está em perigo.
“Isto não é um fenómeno asiático – a única fronteira virtual do mundo digital é a fronteira da China – não é um fenómeno da Ásia democrática, mas é essencialmente um fenómeno americano e um fenómeno europeu. A democracia está, em certo sentido, transformada numa gritaria, onde não há nem longo prazo nem passado; é tudo um instante, uma indignação e uma emoção, apenas a última antes da próxima”, defendeu.
Paulo Portas, antigo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, abriu o segundo dia da convenção – um dia em que também subirão ao palco o líder da extrema-direita, André Ventura (Chega) e o presidente do PSD, Rui Rio.