"Totalitário". PS diz que Governo dos Açores pisou linha vermelha nos apoios à comunicação social
31-08-2023 - 07:00
 • João Malheiro

O Executivo regional liderado pelo PSD admite pagar até 40% do salário de um jornalista que ganhe até 1.500 euros líquidos por mês.

O Partido Socialista (PS) acusa o Governo Regional dos Açores de ter um comportamento "totalitário", depois de ter apresentado uma proposta de apoio à comunicação social em que admite pagar até 40% do salário de um jornalista que ganhe até 1.500 euros líquidos mensais.

Em causa está o pacote "Media Mais", em que o Executivo liderado pelo PSD e em coligação com partidos de Direita prevê vários apoios à comunicação social da região.

O decreto legislativo define que cada empresa pode ser apoiada até 33% do número de profissionais.

À Renascença, a socialista Rosário Gamboa critica a medida, dizendo que se trata "de uma ultrapassagem clara de uma linha vermelha".

"Dentro de um pacote de medidas, que a maior parte já vinha do Governo Regional do PS, disfarçaram no meio uma proposta em que uma parte substancial do ordenado vai passar a ser custiada pelo Governo que têm função de escrutinar", aponta.

A deputada do PS esclarece que é favor dos apoios do ProMedia, o pacote anterior, do Executivo regional socialista que, entretanto, foi derrotado nas últimas eleições, e das medidas de apoio à comunicação social que o Governo forneceu, durante a pandemia.

No entanto, entende que esta proposta é distinta e que "as consequências e os próprios pressupostos estão a ferir os jornalistas, estão a criar questões de incompatibilidade e da independência dos jornalistas".

"E quando se fala da independência dos jornalistas, isso afeta o orgão de comunicação social e afeta a Democracia", critica.

Rosário Gamboa questiona ainda se Luís Montenegro, presidente do PSD, seguiria o exemplo do Governo Regional dos Açores, caso fosse primeiro-ministro.

"Concorda com esta forma de apoio à comunicação social? É assim que vai proceder se for Governo, provavelmente em coligação com o Chega?", conclui.