A COP28 começa dia 30 de novembro, mas já houve divisões numa reunião preparatória em Abu Dhabi.
Nesta reunião, segundo a BBC, o presidente da COP28, Sultan Al Jaber, disse que "precisamos de soluções sólidas para um corte de 43% nas emissões até 2030, porque é exatamente isso que a ciência nos está a dizer". Greta Thunberg, ativista sueca, descreveu a nomeação de Al Jaber como "completamente ridícula" e acresenta que isto coloca em causa todo o processo climático da ONU.
As razões para a indiganção de Greta devem-se ao facto do presidente da cimeira do clima ser também o diretor executivo da empresa petrolífera Adnoc, dos Emirados Árabes Unidos (EAU), uma das maiores produtoras de petróleo no mundo. O presidente da conferência diz que o petróleo e o gás não podem estar fora da discussão, aliás, pretende mesmo aumentar a capacidade da sua empresa para 600 mil barris por dia até 2030, gastando cerca de 150 mil milhões de dólares (141 mil milhões de euros).
De acordo com a BBC, Al Jaber justificou esta expansão por defender que o petróleo e o gás não devem ser completamente eliminados da equação e que o mundo continuará a precisar destes recursos, algo que o órgão de ciência climática da ONU, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), reconheceu, diz a BBC.
Isto explica também o porquê de outros países, como a Arábia Saudita, a Rússia ou os EUA (países que estão entre os maiores produtores de petróleo no mundo) concordarem com esta visão de ter de se reduzir gradualmente a produção de combustíveis fósseis, mas não a sua total eliminação.
Por outro lado, a União Europeia adota uma posição mais rígida, defendendo a total eliminação destes combustíveis.
A revista "Nature Climate Change" publicou um estudo alertando que por volta de 2029, se se continuar sem reduzir as emissões de CO2 - principal fonte de emissões de gases de efeito estufa -, há 50% de hipótese de se ultrapassar o aumento da temperatura em 1,5ºC, em relação à época pré-industrial - valor estabelecido no Acordo de Paris, na COP21, em 2015, que visava, além do limite de aumento da tempertaura média, alcançar a descarbonização das economias mundiais, refere a Agência Portuguesa do Ambiente.
A ONU já tinha alertado que o mundo não vai conseguir cumprir as metas de controlo do aquecimento global sem uma "descarbonização radical" e "mais ações em todas as frentes".
Num documento enviado à Reuters, a UE, os EUA e os EAU anunciaram estar a tentar reunir esforços com outros governos para que se estabeleça um acordo global "para triplicar as energias renováveis esta década na próxima cimeira", para ter 11 mil gigawatts instalados até 2030. Também é referida a importância de cumprir o limite de aumento de tempertaura (1,5ºC), estabelecido no Acordo de Paris.
O documento já foi assinado, segundo a Reuters, pela presidência dos Emirados Árabes Unidos da cimeira COP28, pela Comissão Europeia, pelos Estados Unidos, Barbados, pelo Quénia, pelo Chile, pela Micronésia, pela Agência Internacional de Energia e pela Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA). Nesta carta estava referida a importância de um esforço "global" para se conseguir atingir as metas estabelecidas.
A cimeira deste ano vai focar-se no corte das emissões de gases efeito estufa antes de 2030, assim como na aceleração da transição para energias renováveis, na inclusão, na transição justa e na tecnologia e inovação, além de ter uma programação com variadas temáticas, como a educação, as finanças, a saúde, a natureza e a paz.
Além disso, de acordo com a BBC, também estará na agenda a "entrega de dinheiro para a ação climática dos países mais ricos para os mais pobres e trabalhar num novo acordo para as nações em desenvolvimento".
A COP28 vai ter lugar no Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, entre o dia 30 de novembro e 12 de dezembro. Vão estar presentes mais de 200 governos e o Papa Francisco já anunciou que vai estar presente nos primeiros três dias de dezembro na cimeira do clima.