A mobilidade dos portugueses, registada a 5 de março pela consultora PSE (83 pontos, de uma base de 100), está ao nível dos valores anteriores à pandemia. Foi o dia mais movimentado desde meados de janeiro.
De acordo com os dados revelados pela empresa especializada em mobilidade, o aumento da circulação é uma tendência crescente nos últimos tempos e Nuno Santos, consultor da PSE, justifica esse aumento com a gestão de expectativas dos portugueses.
“Em todas as fases da pandemia, os portugueses têm sempre antecipado o seu comportamento em função das expectativas que têm, do que vai ser a decisão política”, começa por dizer, em entrevista à Renascença.
“Neste momento, aquilo a que estamos a assistir é algo a que já assistimos no passado, que é, gradualmente, os portugueses, e de forma ligeira, de dia para dia, a aumentarem a sua mobilidade, a saírem mais de casa. E porquê? Porque efetivamente este é o quadro de expectativas que nós temos hoje”, argumenta e fundamenta com exemplos:
“Os portugueses confinaram o ano passado antes do início do estado de emergência; os portugueses desconfinaram o ano passado antes do início do plano de desconfinamento, porque essa era sua expectativa; os portugueses em outubro do ano passado aumentaram ligeiramente o confinamento quando se esperava que se entrasse”.
As diferenças entre confinamentos
O estudo da PSE, desenvolvido desde 2019, baseado em dados recolhidos de uma aplicação utilizada por voluntários, deixa claro que, apesar do aumento de agora verificado, março do ano passado foi um ponto de inversão na circulação da população.
“O primeiro confinamento teve todos os dias a circular cerca de 35 a 40% de pessoas. O que quer dizer que, por oposição, tínhamos entre 60 a 65% de pessoas em casa, o que é uma alteração enorme para o que era a realidade”, assinala Nuno Santos.
No segundo confinamento a realidade é diferente. “Há 55 a 60% da população a circular e estamos, gradualmente, desde o fim de janeiro, a aumentar o número de pessoas que estão a circular”, observa.
Os dados recolhidos pela PSE Mobilidade baseiam-se “numa amostra representativa do universo, estratificada por região, sexo, idade, classes sociais, atividade”.
“Por muitas variáveis para que seja genuinamente representativo da população. Essencialmente, os participantes deste estudo aceitam instalar a aplicação nos seus ‘smartphones’, para que possa ser recolhida a sua localização, a sua deslocação e, inclusive, os seus meios de locomoção. É porque é muito importante nós percebermos não só quais são as necessidades, que segmentos da população têm mobilidade, mas também a forma como o fazem”, detalha Nuno Santos.