A presidente do presidente do Núcleo de Lisboa da Associação dos Médicos Católicos considera que o referendo não é uma opção. Numa altura em que o Bloco de Esquerda se prepara para avançar com um projecto de lei para legalizar “a morte assistida”, Sofia Reimão defende que a eutanásia não é um acto médico.
“Penso que é perceptível para todos que o médico, quando se forma, usa todo o seu conhecimento é para salvar os doentes, para cuidar deles e para lhes restaurar a saúde. A própria Ordem dos Médicos define acto médico como qualquer actividade de avaliação de diagnóstico, prognóstico, prescrição e execução de medidas terapêuticas relativas à saúde das pessoas, grupos ou comunidades. Eu penso que é claro que estamos a falar de cuidar de pessoas e restaurar a saúde e portanto claramente a eutanásia não entra nesta definição de acto médico, como a própria Ordem dos Médicos o define”, argumenta em declarações ao programa Carla Rocha – Manha da Renascença.
A eventual regulamentação da eutanásia vai ser discutida esta sexta-feira na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, na Conferência “Eutanásia: evolução ou regressão?”, no qual Sofia Reimão será uma das moderadoras.
Eutanásia em debate desde Fevereiro
Tudo começou com um manifesto em defesa da morte assistida, assinado por políticos de vários quadrantes, cientistas, médicos e artistas. O documento, lançado no início de Fevereiro, deu entrada na Assembleia da República no dia 26 de Abril, com mais de oito mil assinaturas.
Em Março, a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) lançou uma nota pastoral que contesta uma eventual legalização da eutanásia em Portugal e rejeita qualquer solução que coloque em causa a “inviolabilidade” da vida.
Em Abril, a CEP reforçou a sua posição de “total rejeição” de uma eventual legalização da morte assistida, afirmando, em comunicado que “a Igreja nunca deixará de defender a vida como bem absoluto para o homem, rejeitando todas as formas de cultura de morte”.
Durante a Caminha pela Vida, a 14 de Maio, foi lançada a petição contra a eutanásia, que também pede "mais apoios para os idosos”. As assinaturas já existentes foram recolhidas online, no site www.todaavidatemdignidade.org.
Cinco bastonários da Ordem dos Médicos assinam uma carta na qual se opõem frontalmente à eutanásia, considerando que esta prática “não é mais do que tirar a vida” e que os médicos que o façam negam a profissão.