O presidente do PSD disse, esta segunda-feira, ter dado ao Presidente da República "fundadas razões" para acreditar que o partido já é uma alternativa ao Governo, e recusou desviar-se dos "temas que interessam à vida das pessoas".
No final de uma reunião com o Presidente da República, que termina uma ronda de audiências aos partidos com assento parlamentar, Luís Montenegro foi questionado sobre críticas à posição do PSD quanto às buscas à casa de Rui Rio e a sedes do partido e sobre o pedido de esclarecimentos ao Ministério Público lançado pelo presidente da Assembleia da República.
"Não alinhamos na distração sobre aquilo que nos trouxe aqui hoje. O que nos trouxe aqui foi fazer uma avaliação do estado da nação portuguesa e habilitar o Presidente da República com a posição do PSD para os temas que interessam à vida das pessoas", disse, a dois dias do debate no parlamento sobre, precisamente, o estado da nação.
O líder social-democrata admitiu que a justiça é um desses temas centrais, mas disse não querer - "à boleia de um episódio lamentável" - escamotear o que diz serem "as necessidades e anseios dos portugueses", em áreas como a saúde, educação ou habitação.
Questionado se já convenceu o Presidente da República de que o PSD é uma alternativa ao Governo - três meses depois de Marcelo Rebelo de Sousa ter considerado que ainda não existia uma alternativa sólida ao executivo do PS -, Montenegro considerou ter feito a sua parte.
"A opinião do Presidente da República só ele poderá veicular, demos ao Presidente fundadas razões para que ele, como já acontece com muitos portugueses, possa confiar que Portugal tem uma grande alternativa política diante de si que é liderada pelo PSD", afirmou.
No final de hora e meia de reunião com o chefe de Estado, Montenegro deixou um diagnóstico muito negativo da governação do PS, que classificou como "de desesperança".
"O país não tem esperança, não tem ambição, mas tem oposição e tem alternativa. Somos a alternativa que quer dar a Portugal condições de sonhar mais e melhor nos próximos anos, não nos conformamos com um país que pensa pequeno, um Governo que só pensa no dia seguinte", criticou.
Para o líder do PSD, ano e meio depois da maioria absoluta do PS "os portugueses estão mais pobres, têm salários baixos, uma dificuldade enorme em aceder a serviços públicos", a que acrescentou "as manifestas demonstrações de incompetência".
"O que quero dizer aos portugueses é que no PSD não vamos desviar as atenções do essencial, a vida de cada português, de cada família, de cada empresa", assegurou.
Em concreto na área da saúde, Montenegro questionou o Governo por que razão ainda não foram aprovados os estatutos da direção executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS), um ano depois desta entidade ter sido aprovada.
"Não sei se o ministro da Saúde não se consegue entender com o diretor executivo do SNS ou com ministro das Finanças ou não se consegue entender com o primeiro-ministro", afirmou.
Montenegro estendeu as críticas à ação governativa ao setor da educação, com perturbações quer no pessoal docente, quer nos restantes profissionais, ou ao mercado da habitação.
"Não nos conformamos com milhares e milhares de jovens que não encontram oportunidades de emprego em Portugal e estão a emigrar ao mesmo ritmo ou superior ao que ocorreu quando Portugal estava a ser intervencionado", apontou, reiterando ainda críticas que tem feito sobre a utilização em Portugal das verbas do PRR para "tapar buracos da falta de investimento público".
O líder do PSD confirmou que a TAP foi um dos temas abordados na reunião, sem revelar em que termos, repetindo as críticas que fez ao relatório da comissão de inquérito, que disse ser "um exercício que vale zero por ser faccioso, sectário" e de branqueamento da ação governativa.
A delegação do PSD em Belém incluiu, além de Luís Montenegro, o líder parlamentar Joaquim Miranda Sarmento e os vice-presidentes Miguel Pinto Luz, Margarida Balseiro Lopes e Inês Palma Ramalho.