O primeiro-ministro, António Costa, revelou hoje que o Governo recusou o pedido de prorrogação do prazo de entrega da auditoria ao Novo Banco, insistindo que a auditora conclua o documento até 31 de julho.
No debate do Estado da Nação de hoje, a coordenadora do BE, Catarina Martins, questionou António Costa sobre quando será conhecida a auditoria ao Novo Banco, lembrando que o Governo se tinha comprometido com a divulgação dos resultados em julho, mês que está a acabar.
"O auditor que está a elaborar a auditoria pediu uma prorrogação do prazo e essa prorrogação do prazo foi recusada pelo ministro de Estado e das Finanças que insistiu que até ao dia 31 [de julho] tem que ser entregue e assim que ela for entregue será enviada ao parlamento", revelou o primeiro-ministro.
Catarina Martins começou por recordar que o primeiro-ministro “garantiu num daqueles debates quinzenais, de que não gosta muito, que não haveria injeções no Novo Banco sem ser conhecida a auditoria à gestão dos créditos”.
“Sabemos que não foi assim e eu não quero voltar à discussão sobre os problemas de comunicação dentro do Governo, mas quero voltar à auditoria porque foi garantido que a auditoria seria conhecida em julho, estamos no final de julho e não há notícias da auditoria, mas há notícias sobre o Novo Banco”, afirmou.
De acordo com a líder bloquista, tratam-se de “notícias de negócios imobiliários, em que o dono do banco vende terrenos a si próprio, com enorme perda financeira, para depois pôr essas imparidades como desculpa para ir pedir mais injeções ao Fundo de Resolução, mais dinheiro aos contribuintes”.
“Negócios mais do que duvidosos, todas as dúvidas e por isso mesmo é urgente conhecer a auditoria. Estamos no final de julho. Há ou não auditoria?”, questionou.
Se a primeira intervenção de Catarina Martins no debate do estado da nação terminou com uma pergunta sobre o Novo Banco, o arranque foi dedicado ao PSD.
“Eu não sei o que dizer, estou quase comovida como este momento de enorme oposição entre o PS e o PSD, veja-se lá sobre que tema, as rendas da energia. Senhor deputado Rui Rio, o cinismo deve ter limites”, atirou.
Apesar de saber que Rui Rio “preferia o parlamento há 20 ou 30 anos, quando ainda não existia Bloco de Esquerda nem registo de interesses dos deputados publicados na internet ou canais de notícias a transmitir o que se faz aqui para que toda a gente lá fora saiba o que se passa”, a líder bloquista garante que o seu partido “não desiste de fazer escrutínio e não esquece”.
“Não esquece que tivemos uma comissão parlamentar de inquérito às rendas da energia que por proposta do BE concluiu pelas rendas excessivas e a bancada do senhor deputado Rui Rio votou contra a maioria dessas conclusões, a que o Ministério Público agora está a dar toda a razão”, condenou.
Catarina Martins também não esquece que o PS, tendo votado a favor dessas conclusões, “pouco ou nada fez para acabar com essas rendas da energia”.
“E lhe garanto que o Bloco de Esquerda não desiste nem um minuto de repor a justiça e de combater o crime que são as rendas da energia em Portugal”, assegurou.